Revolta

Família de menina morta em escola no Rio participa de reunião na Alerj

Maria Eduarda Alves Ferreira, 13 anos, foi morta na última quinta-feira (30), na escola onde estudava, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Agência Brasil
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Publicado em 03/04/2017 às 19:30
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Maria Eduarda Alves Ferreira, 13 anos, foi morta na última quinta-feira (30), na escola onde estudava, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. - FOTO: Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
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A família da garota Maria Eduarda Alves Ferreira, 13 anos, assassinada na última quinta-feira (30) na escola onde estudava no Rio de Janeiro, teve um encontro esta tarde com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo João Tancredo, advogado dos pais da estudante, a família não está satisfeita com a assistência que vem sendo oferecida pelas autoridades. “Eles [a família] estão destroçados. Precisam de tratamento psicológico imediato e o governo tem que arcar com isso”, disse. Ele reclama que foi colocado à disposição da família pelo governo um psicólogo no centro do Rio, sem dar condições de transporte. “Na prática, não funciona. O psicólogo precisa estar próximo de casa”, argumentou.

A menina estava na aula de educação física quando foi alvejada por três tiros - dois na cabeça e um no tronco - durante um confronto entre policiais e traficantes. O advogado ressaltou que não importa de onde veio o tiro, no que diz respeito à ação indenizatória, uma vez que Maria Eduarda estava dentro da escola.

Justiça

O tio da menina disse que há um despreparo por parte da polícia nas ações em comunidades. “Temos sempre que observar tudo, porque infelizmente acontece [tiro] do nada. Acho que deve haver um preparo melhor em todas as áreas do estado”, disse.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (Psol), informou que a comissão ofereceu apoio psicológico à família e vai garantir o direito que os parentes acompanhem as investigações que estão sendo feitas pela Polícia Civil. “Há outras perguntas, além de que arma saiu a bala, que o poder público precisa responder. Temos muitos policiais morrendo e matando e mais uma família destroçada. Que ação policial é essa em uma porta de escola, em um momento que tem vários jovens dentro da escola?” questionou o deputado.

Em frente à mesma escola, policiais militares atiraram em dois homens que estavam deitados no chão. A cena foi testemunhada em vídeo divulgado nas redes sociais e na imprensa mostra o momento em que os homens foram mortos. A Divisão de Homicídios e a Corregedoria da Polícia Militar investigam o caso.

Blindagem de muros

O prefeito Marcelo Crivella (PRB) informou nesta segunda-feira (3) que importou dos Estados Unidos uma argamassa especial para blindar os muros das escolas municipais em áreas consideradas de risco. Ele criticou operações da Polícia Militar próximo a escolas no horário escolar. “Isso nos preocupa muito. Temos 20 escolas que estão paradas. Ninguém pode governar uma cidade nessas condições, sem segurança. É importante discutir isso com a sociedade, polícia, Força Nacional de Segurança, pois não podemos ter mais crianças baleadas dentro de escola”, disse.

Crivella tem reunião marcada nesta quarta-feira (5) com representantes da área de segurança estaduais e federais. “Convidamos a todos. A execução da segurança não é do prefeito, mas do governo do estado, porém quero conversar sobre um projeto, pois o Rio de Janeiro não pode continuar do jeito que está”.

Para o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, a argamassa não vai resolver o problema. “Nenhuma blindagem teria preservado a vida de Maria Eduarda, que estava no pátio. As crianças me relataram uma situação inimaginável. Conversei com o prefeito no enterro e disse que a melhor blindagem é a entrada de políticas públicas nas comunidades pobres. Precisamos de um esforço olímpico para construirmos escolas, hospital e áreas de lazer para esses jovens”, defendeu.

Antônio Carlos participou da reunião com os parentes de Maria Eduarda, na Alerj. Mais cedo ele passou por Manguinhos, zona norte, onde um senhor foi morto enquanto lia jornal na porta de casa.

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