A professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), Marina de Mello e Souza, filha do escritor e crítico literário Antonio Candido, que morreu hoje (12), disse que o pai foi um humanista “acima de tudo”.
"Entendemos que ele é um símbolo de uma geração, de um tipo de personalidade que pregava valores, e que se comportava com uma integridade, uma coerência entre o pensamento e a prática, que se perdeu muito no mundo contemporâneo”, disse, no Hospital Albert Einstein, onde ocorre o velório de Candido, conta com a presença de amigos, parentes e ex-alunos.
“Neste momento em que vivemos, não só no país, como no mundo, uma situação de extremo retrocesso e de valorização de ideais e bens que são muito diferentes das questões do humanismo, ele era um humanista acima de tudo. É importante lembrar que já foi diferente, que já teve gente que deu sua carreira, força de trabalho e capacidade para construir uma sociedade, um mundo melhor”.
O escritor, crítico literário e sociólogo Antonio Candido morreu à 1h40 da madrugada de hoje, em São Paulo, aos 98 anos. Entre as obras do escritor, estão Formação da Literatura Brasileira: Momentos Decisivos e O observador literário, publicados em 1959; Tese e Antítese: Ensaios e Os Parceiros do Rio Bonito: Estudo sobre o Caipira Paulista e a Transformação dos seus Meios de Vida (1964); Literatura e Sociedade: Estudos de Teoria e História Literária (1965); O Estudo Analítico do Poema (1987); O Discurso e a Cidade (1993); Vários Escritos (1970) e Formação da literatura brasileira (1975).
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Referência e inspiração
Durante o velório, a deputada federal Luiza Erundina (Psol) disse que Candido é referência para aqueles que dedicam a vida a uma sociedade mais igualitária e justa. A deputada ressaltou que o escritor era socialista e um sustentáculo na luta contra o arbítrio e na resistência da democracia no país.
“Ele foi para todos nós uma inspiração, um alento, em toda a trajetória de vida, de luta e de resistência ao arbítrio, atentado à democracia na história desse país. Ele sempre foi uma referência, um ponto de reflexão e de sustentáculo a respeito das coisas”, disse a deputada.
“Ser socialista é isso, é ser capaz de acreditar que é possível transformar a sociedade, na perspectiva de uma sociedade mais justa, mais igualitária, menos cruel, mais tolerante, a tudo isso ele é referência e ele vai ser sempre para nós uma inspiração, ele não morreu”, acrescentou.
Nascido no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1918, o intelectual era professor emérito da Faculdade de Filosofia e Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e ganhou vários prêmios importantes da literatura como o Jabuti, em duas edições, de 1965 e de 1993; o Juca Pato, em 2007; e o Machado de Assis, em 1993, além do Prêmio Internacional Alfonso Reyes.