Morte

Criança morre após transferência demorar 15h por falta de combustível

A família de Heloísa se disponibilizou a pagar o valor para abastecer a ambulância, mas contou que o Samu avisou que não podia aceitar

JC Online
Cadastrado por
JC Online
Publicado em 16/06/2017 às 9:18
Foto: Arquivo pessoal/ Edilaine Mathias
A família de Heloísa se disponibilizou a pagar o valor para abastecer a ambulância, mas contou que o Samu avisou que não podia aceitar - FOTO: Foto: Arquivo pessoal/ Edilaine Mathias
Leitura:

Após 15 horas para ser realizada a transferência entre hospitais, uma criança de 1 ano morreu na cidade de Joinville, na área Norte de Santa Catarina. A menina teve complicações em decorrência de uma pneumonia e a família informou que duas ambulâncias que foram acionadas não tinham combustível.

Heloísa foi internada no último dia 7 no Hospital São Vicente de Paulo, no município de Mafra, que não possui UTI Infantil. No dia seguinte, ela apresentou piora e precisou ser levada para o Hospital Infantil de Joinville, a 135 quilômetros da sua cidade natal. Na unidade, a vaga da criança foi confirmada, mas o Samu da cidade informou a falta de combustível.

Transferência

Com a situação, a família de Heloísa se disponibilizou a pagar o valor para abastecer a ambulância, mas contou que o Samu avisou que não podia aceitar. A alternativa que surgia era usar o veículo do município de Rio Negrinho, mas nesse caso o que faltava era um médico para acompanhar a paciente. Em meio ao dilema, o quadro da menina piorou e ela voltou ao hospital.

"Eles negaram pra gente, falaram que nenhum terceiro pode abastecer as ambulâncias do Samu", disse o pai, Alexandro Ferreira da Silva Lisboa.

Até um helicóptero da Polícia Militar de Joinville foi procurado, mas as más condições climáticas impediram o voo. Apenas ao meio-dia da quinta-feira (8), dia seguinte ao internamento, Heloísa foi levada, por uma ambulância de Canoinhas, para Rio Negrinho, até onde era possível o combustível do tanque levar.

Da cidade, um terceiro veículo encaminhou a menina até Joinville, o que a fez chegar 15h após o pedido de transferência. Já internada, sofreu a terceira parada cardíaca às 12h do sábado (10) e faleceu.

"Quem estava fora, Samu, discutindo a ambulância, discutia como se fosse um frete, como se fossesó a gasolina, quem ia abastecer, quem não ia abastecer. Em nenhum momento pensaram a situação dela: ela pode esperar, ela tem que ir agora ou pode esperar", relatou a mãe da menina Edilaine Mathias.

Não se pode afirmar que uma transferência mais rápida garantiria a sobrevivência, mas de acordo com o coordenador de enfermagem de Mafra, as chances da garota caíram muito com o impasse. Obviamente, transferir um paciente fora de uma condição de emergência fica muito mais fácil do que fazer a transferência de um paciente com entubação e medicações para controlar funções vitais", explicou Ossimar Carlos Friedrich Filho.

Investigação

Um boletim de ocorrência foi registrado e a Polícia Civil acompanhará o caso, assim como a SPDM, empresa responsável pelo Samu em Santa Catarina, e a secretaria de Estado da Saúde. O Governo comunicou ter repassado R$ 1,5 milhão para a SPDM na última semana, mas reconheceu ter débitos com a empresa. Uma investigação também será iniciada pelo Ministério Público.

Últimas notícias