Violência

''Essa criança ter sobrevivido é um milagre'', diz médico de bebê baleado no útero da mãe

O disparo chegou ao útero da mãe e atravessou o corpo da criança, passando por duas vértebras e deixando-o paraplégico

JC Online
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Publicado em 04/07/2017 às 20:33
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O disparo chegou ao útero da mãe e atravessou o corpo da criança, passando por duas vértebras e deixando-o paraplégico - FOTO: Foto: reprodução
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O nascimento do bebê Arthur, filho de Claudineia dos Santos Melo, não foi como planejado. Em uma cesárea de emergência, a mãe deu à luz após uma bala perdida atingir o lado esquerdo de seu quadril, em meio a um tiroteio entre policiais e traficantes na entrada da Favela do Lixão, no município de Nova Iguaçu, na Grande Rio, na última sexta-feira (30).

O disparo chegou ao útero da jovem e atravessou o corpo da criança, passando por cabeça, orelha, tórax e duas vértebras, T3 e T4, deixando-o paraplégico.

"Essa criança ter sobrevivido é um milagre. Está acontecendo um milagre diante dos nossos olhos. "Hoje, ele está paraplégico. Mas tudo pode acontecer na vida dessa criança", aponta o ginecologista e secretário municipal de saúde de Duque de Caxias José Carlos Oliveira, que em toda a carreira "nunca viu nada igual".

Com ajuda de aparelhos para conseguir respirar, o menino sobrevive, ainda em estado gravíssimo."Tem que ter fé em Deus que ele vai reagir bem aos tratamentos e voltar a andar", diz Leonardo dos Santos, irmão de Claudineia, que divide a angústia com os pais e mais quatro irmãos e irmãs da vítima, na Paraíba.

A expectativa de Leonardo é de que Claudineia retorne com o filho Arthur à cidade de Lucena, no interior paraibano e passe a ter uma vida mais pacata. "Aqui tem ar livre, tem espaço, ele pode andar, correr, ir para onde quiser. Tenho fé em Deus que a gente vai convencê-la a sair do Rio, vir morar aqui, junto da gente."

A cidade, com pouco mais de 12 mil habitantes, é o endereço de toda a família que tira da roça o sustento. "Ele vai se recuperar. Quero ver o bebezinho crescer forte para andar e correr aqui junto da família."

A linha de investigação trabalha com a hipótese de que a bala que feriu a criança teria sido disparada por criminosos.

Violência no Rio

O crescimento da violência no Rio de Janeiro atingiu números alarmantes. No mês passado, 749 casos de disparos de armas de fogo ou tiroteios foram notificados na região metropolitana do Rio de Janeiro.

No começo de junho, um mês antes do tiro atingir Claudineia, uma outra mulher grávida foi baleada. Michele dos antos Salas levou um tiro no tórax no 6º mês de gestação, também no município de Nova Iguaçu. A criança, Manoela Vitória, nasceu aos 27 meses, mas faleceu em um parto prematuro.

Segundo dados da ONG Rio de Paz, 14 crianças foram assassinadas por bala perdida no Rio, de janeiro de 2016 até agora.

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