Migrantes bolivianos estavam sendo mantidos em situações de trabalho escravo pelas grifes de luxo Animale e A. Brand, em oficinas na Região Metropolitana de São Paulo. A Fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou migrantes trabalhando mais de 12 horas por dia e ganhando apenas R$ 5 por peça costurada, que, nas lojas, podiam custar quase R$ 700.
As vítimas estavam sendo obrigadas a trabalhar para pagar dívidas fraudulentas com os patrões, por conta do financiamento de viagem dos países de origem até o Brasil, o que caracterizaria um trabalho em condições análogas à escravidão. Além disso, as condições de trabalho eram insalubres, com os funcionários dormindo no local em que costuravam, chegando até a conviver com baratas, e também instalações elétricas precárias.
O aplicativo Moda livre, desenvolvido pela Repórter Brasil e responsável pelo levantamento, mostra o combate ou não desse tipo de exploração em 119 marcas e varejistas. Pelos dados da ONG, mais de 400 costureiros e costureiras estão em condições análogas às de escravos nas oficinas terceirizadas no país, a maioria na Região Metropolitana de São Paulo. As vítimas geralmente são migrantes de países da América do Sul.
Subiu para 37 o número de grifes e varejistas de roupa responsáveis pela exploração de trabalho escravo desde 2010, contanto a Animale e A. Brand, segundo a ONG.
Nota
Em nota, a Animale e A. Brand informaram que não contribuem com a utilização de mão de obra irregular e que todos os seus fornecedores assinam contratos em que se comprometem com a legislação trabalhista. Além disso, as marcas dizem que o caso é um episódio isolado, "no qual a fornecedora subcontratou os serviços sem o consentimento das marcas e descumpriu veementemente a cláusula 8 do contrato de prestação de serviço”. A cláusula 8 diz não se deve utilizar mão-de-obra em condições análogas à escravidão pela contratada.