Ao investigar um esquema de corrupção no presídio de Anápolis, em Goiás, promotores descobriram que existia acordo entre agentes penitenciários e presos até mesmo para o acorbertamento de assassinatos. No dia 07 de março de 2016, “Nicolau”, presidiário, foi asfixiado com uma corda feita de lençóis, por motivos de dívida. No relatório policial, o que constava era um “suicídio” indicado pelos agentes penitenciários. As informações são do UOL.
O autor do crime foi “Gaguinho”, preso que aplicava punições determinadas pelo “comando” de Bola, apelido de um detento que é traficante de drogas e chefe da ala C do presídio. Segundo o relatório, a testemunha do suposto suicídio era o próprio Gaguinho. Segundo depoimento de outro detento ao Ministério Público (MP) de Goiás, os agentes não se importam com a situação e até ficam “alegres”.
Três meses depois da morte de Nicolau, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) começou a Operação Regalia, em 1º de junho de 2016. A operação investigava um esquema entre agentes penitenciários e presos em “regime de sociedade”, que incluía tráfico de drogas, prostituição e venda de celulares. Também eram permitidas saídas noturnas dos presos que chefiavam as alas, além de saídas escoltadas pelos servidores para o saque do dinheiro da propina.
O MP de Goiás pediu à Polícia Civil a reabertura do caso da morte de Nicolau e de outro assassinato que também foi indicado como suicídio dentro do presídio de Anápolis. A unidade já era conhecida como propícia para a corrupção, levando criminosos a elogiar a vida na cadeira, como mostra uma gravação da Polícia Federal em 2015.
Prostituição
A investigação do Gaeco ainda apontou que das quatro guaritas, três eram vigiadas por policiais militares, sendo a quarta livre para os presos escaparem. Só entre 2011 e 2017, 48 fugas foram registradas na prisão. A prostituição também era comum; no esquema, os agentes ligavam para as mulheres dos detentos alegando que os mesmos estavam de “castigo”, quando, ao mesmo tempo, ligavam para as “meninas”, que eram levadas ao motel do presídio.
Os familiares também iam ao presídio às quintas para levar alimentos e produtos aos presos. As mulheres dos “chefes” das alas entravam no presídio livremente e comandavam o tráfico de drogas fora da prisão. Suspeita-se que uma delas possuía um projeto social de uma igreja evangélica de fachada que aliciava menores para trabalhar como traficantes.