Em sua maioria com vestimentas tradicionais, milhares de indígenas brasileiros, peruanos e bolivianos se reuniram, nesta quinta-feira (18), em Puerto Maldonado, sudeste do Peru, para esperar a chegada do papa Francisco. Eles aguardam o encontro histórico que terão com o pontífice na sexta-feira (19).
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"Somos um só povo", disse à AFP Angelton Arara, 33 anos, que viajou durante três dias em um ônibus do Mato Grosso, no centro-oeste do Brasil.
Angleto, que levava na cabeça um cocar de penas de águia real, disse que quer falar com o papa sobre os problemas de sua comunidade: "a demarcação de terras, a educação, a política do governo brasileiro".
Necessidades
"Temos muitas necessidades", explicou. "Esperamos que o papa, com toda a igreja, o Vaticano, preste atenção em nós e nos veja de maneira calorosa e com amor, aos povos indígenas do Brasil e de outros países", acrescentou.
O papa Francisco concluiu nesta quinta-feira (18) sua visita de três dias ao Chile para partir para o Peru, onde visitará Lima e as cidades de Puerto Maldonado (Amazônia) e Trujillo (costa norte do país).
A reunião de sexta-feira de manhã em Puerto Maldonado contará com cerca de 3.500 indígenas provenientes do Peru, Brasil e Bolívia. Logo após, Francisco vai almoçar com alguns dos representantes das comunidades.
Para se prepararem para a visita do papa, os milhares de indígenas que atravessaram a selva de avião ou de barco participaram do encontro das igrejas da Amazônia, na universidade de Puerto Maldonado.
"Nossas comunidades nativas são fortemente afetadas pela mineração", recordou diante do público o monsenhor David Martínez, bispo de Puerto Maldonado, antes de dar a palavra aos representantes dos diferentes povos reunidos.
"É o momento de exigir que nos respeitem como povos originários", disse Oscar Chigkun Mayana, 30 anos, da comunidade Antiguo Kanan, no norte do Peru. "Sem a terra, não somos nada", afirmou. E denunciou: "Existe extração de ouro em todas as regiões da Amazônia".