Intervenção

Cenário de violência do Rio é visto em outros estados, como PE, CE e RN

Pernambuco teve taxa de 57,09 homicídios por 100 mil habitantes, no Rio é de 40/100 mil

Margarette Andrea
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Publicado em 25/02/2018 às 7:24
Fernando Frazão/Agência Brasil
Pernambuco teve taxa de 57,09 homicídios por 100 mil habitantes, no Rio é de 40/100 mil - FOTO: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Homicídios em larga escala, chacinas, balas perdidas, arrastões, sequestros, rebeliões. O cenário de violência que levou o Rio de Janeiro a ser alvo da primeira intervenção federal desde a Constituição 1988 não é exclusividade dele. Vários Estados do País, como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, têm índices de criminalidade tão altos quanto ou até superiores aos do Rio, inclusive já chegaram a pedir o apoio das Forças Armadas ou da Força Nacional, em alguns momentos – ambas presentes atualmente não só no Rio de Janeiro, mas também no Rio Grande do Norte. Não é à toa que muita gente vem questionando: será que a intervenção vai ser necessária em outros locais?

“Eu não vejo os Estados do Nordeste, apesar da violência alarmante, precisarem de uma intervenção federal. Ainda. Se não cuidarem, vão precisar”, avalia o especialista em defesa, relações internacionais e segurança, de São José dos Campos (SP), Marco Túlio. Já no Rio de Janeiro ele acredita que a medida é realmente necessária. “O diferente do Rio é o potencial, o fuzil que está nas mãos do traficante e em qualquer assalto e muitas vezes é vendido ou alugado pela própria polícia. Os bandidos não têm mais medo das forças de segurança. Essa é a última cartada”.

No ano passado, o número de homicídios em Pernambuco foi o mais alto que se tem registro desde que passaram a ser anotados pelo DataSUS, em 1979. Foram 5.426 pessoas assassinadas, um aumento de 21,2% em relação ao ano anterior, com 4.479 mortes. No Rio de Janeiro, foram 6.731 assassinatos, um crescimento de 7,5% sobre o ano anterior, com 6.262 mortes. O detalhe é que Pernambuco tem uma população bem menor (9,5 milhões de habitantes), ficando com uma taxa de 57,09 de homicídios por 100 mil habitantes, enquanto o Rio (com 16,7 milhões de pessoas) teve 40 mortes por 100 mil habitantes. Vale salientar que a taxa aceitável pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 10 homicídios/100 mil pessoas.

SEM POSSIBILIDADE

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, o delegado federal Antônio de Pádua, garante que o governo não cogita pedir uma intervenção, nem vê necessidade disso. “Hoje, uma das prioridades do governo é a segurança, vamos fechar a gestão com quase seis mil novos servidores (das polícias militar, civil, científica e bombeiros), enquanto há estados que sequer conseguem pagar a folha”, declara, lembrando que ainda estão sendo feitos investimentos na criação de nove delegacias de combate ao narcotráfico e em inteligência.

Apesar de janeiro ter sido o segundo mais violento nos últimos dez anos, com 448 mortes, o número foi 6,1% menor do que janeiro de 2017. “Os resultados começam a aparecer”, salienta Pádua, ao mesmo tempo em que questiona os dados do Rio de Janeiro. “Lá, 50% das mortes têm causa a esclarecer e não entram nas estatísticas de homicídios, então o número certamente é maior”, observa, destacando que o histórico de corrupção em todos os níveis (com três governadores presos na sequência) foi fator determinante para a intervenção. “Houve todo um contexto de desmantelamento até mesmo da administração pública”.

PEDIDOS JÁ FEITOS

No Ceará e no Rio Grande do Norte, onde facções vêm travando uma série de confrontos com mortes, entidades já chegaram até mesmo a pedir a intervenção federal ao governo. Só em janeiro, quando registrou 482 assassinatos, o Ceará vivenciou duas chacinas, uma com 14 mortos e outra, dentro de uma cadeia municipal, com dez. Em 2017, o número de homicídios no Estado subiu 50% em relação a 2016, passando de 3.407 para 5.134.

Já no Rio Grande do Norte – que em 2017 registrou várias chacinas, sendo a maior delas na Penitenciária de Alcaçuz com 26 mortos, a maioria degolados –, o número de homicídios subiu 21% em 2017, saindo de 1.976 para 2.386. “O crescimento ocorreu porque houve redução de policiais por aposentadorias e reformas, poucos investimentos em razão da crise e atrasos salariais. No final do ano conseguimos reduções, mas não foi suficiente para modificar o quadro”, diz a secretária de Segurança, Sheila Freitas, que não quis falar sobre a intervenção, alegando ser um fato novo ainda.

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