O vereador Tarcísio Motta (PSOL) prestou depoimento nesta quinta-feira (12) na Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O parlamentar, que depôs por três horas, se apresentou como testemunha a pedido dos investigadores dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Eles foram assassinados a tiros na noite do dia 14 de março, no Estácio, região central da cidade.
Segundo o vereador, os investigadores pediram informações sobre as atividades de Marielle, a relação dela com outros vereadores, a trajetória da parlamentar no partido e como foi o desempenho dela durante os trabalhos da CPI das Milícias, quando assessorava o deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da comissão. Além disso, quiseram saber também sobre críticas que a vereadora fez em relação ao uso de violência por policiais do 41º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Acari, na zona norte do Rio, nos dias que antecederam o crime.
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Tarcísio Motta contou ainda que os policiais quiseram saber se ele tinha presenciado algum tipo de debate mais acalorado entre Marielle e outro colega da Câmara e se percebeu algo fora da normalidade na atuação dela na Casa. “Naturalmente eu respondi negativamente. Eu nunca presenciei nada que pudesse dar algum tipo de explicação para este crime bárbaro, mas contei como era nosso cotidiano no plenário e como era o cotidiano nosso na Câmara dos Vereadores”, disse em entrevista à Agência Brasil.
O vereador lembrou que teve muita ligação com Marielle por causa da campanha eleitoral e que seu gabinete fica ao lado ao que a vereadora ocupava. De acordo com ele, as informações que deu aos investigadores não representam grande novidade para a polícia neste momento, diante do que já foi divulgado, mas, na condição de testemunha, como uma pessoa que conviveu com a vereadora, acredita que pôde confirmar alguns elementos e permitir que sejam descartados outros menos sustentáveis. “As perguntas mais insistentes com mais elementos eram as que giravam em torno ou das milícias ou das críticas que ela havia feito do 41º Batalhão da Polícia Militar”, revelou.
Para Tarcísio Motta, os investigadores estão fazendo o possível para desvendar o crime. “Há um esforço. Há muita gente envolvida. Há todo um procedimento. A minha avaliação, pelo que tenho conseguido acompanhar e hoje no depoimento é que mesmo que o tempo passado de um mês permaneça uma angústia forte para todos nós, ou seja, nós gostaríamos de ter tido uma resposta antes do que vamos ter de fato, isso não decorre, na minha opinião, de alguma displicência ou morosidade deles. Pelo contrário, me parece que eles estão tendo todo o esforço para desvendar o caso que não é um caso simples. É um assassinato premeditado, um assassinato planejado”, contou.
Na visão do vereador, as mortes de Marielle e Anderson tiveram forte conotação de crime político e por isso precisam de rigor nas investigações. “É uma pena que a gente não tenha resposta antes, mas ela [a demora em elucidar o caso] não me parece decorrer de algum problema da própria polícia”, indicou.
Desde a semana passada já prestaram depoimentos na Delegacia de Homicídios, os vereadores Renato Cinco e João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PSOL) e Ítalo Ciba (Avante), Zico Bacana e Marcelo Siciliano (PHS) e Jair da Mendes Gomes (PMN).
Homenagem
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou hoje a concessão post mortem para Marielle Franco da Medalha Tiradentes, maior honraria do parlamento fluminense. O projeto de autoria do deputado Marcelo Freixo (PSOL), será promulgado e publicado no Diário Oficial nos próximos dias.
Segundo o deputado, a homenagem é para Marielle e também para as causas que ela defendia. “É muito estranho o sentimento porque talvez esse seja o projeto mais importante e mais triste que já defendi. Na verdade, eu não queria precisar apresentá-lo porque eu queria ter a Marielle do meu lado. O sentimento por Marielle é uma história muito profunda, então, era uma obrigação minha apresentar esse projeto para que a gente possa trabalhar a memória, a imagem dela, porque ela deixou muita coisa, muitos símbolos, mas ela também deixou saudade”, disse Freixo.