Buscando engordar suas receitas comerciais, a Infraero planeja licitar, em 2018, dezenas de áreas comerciais externas nos aeroportos de sua rede. Para dar início ao plano, a estatal mapeou 30 espaços em 17 terminais aeroportuários, onde poderão ser instalados empreendimentos como hotéis, supermercados e universidades. "Mas há áreas disponíveis nos 54 aeroportos sob administração da Infraero. Esses 30 que elencamos são os projetos que, segundo nossa análise, estão mais maduros, têm um apelo comercial maior", afirma o superintendente de Negócios em Áreas Externas e Serviços Aéreos da estatal, Bruno Basseto.
Os 30 espaços externos, que variam de 3 mil a 85 mil metros quadrados, se concentram principalmente em aeroportos com localizações estratégicas, em regiões centrais ou próximos de grandes rodovias. Alguns possuem vocação específica, como os destinados a hangares, que têm acesso a pista de pousos e decolagens. Mas a maioria das áreas pode ser moldada de acordo com o interesse do potencial investidor, seja quanto à natureza do empreendimento (megalojas, postos de gasolina, concessionárias de veículos, hotéis, entre outros), ou quanto ao tamanho da área ocupada.
Embora o mercado esteja mais familiarizado com oportunidades comerciais dentro dos terminais, Basseto garante que há grande demanda pelos espaços externos, que contam com facilidades logísticas e de segurança. Ele destaca que dois dos 30 projetos já foram licitados e estão em fase de assinatura dos contratos: uma área de 3,5 mil metros quadrados no Aeroporto de Jacarepaguá (RJ) e outro lote de 28 mil metros quadrados em Manaus (AM), ambos destinados a atividades comerciais (escritórios).
Para trazer investidores aos espaços, a Infraero tem ido a campo e frequentado feiras setoriais tanto no Brasil quanto no exterior. Neste ano, a estatal esteve presente na feira de logística Intermodal, na convenção da Abad, de atacadistas e distribuidores, e pretende comparecer à Equipotel, do setor de hotelaria. "O mercado recebeu muito bem, de forma bastante positiva, principalmente as oportunidades nos principais aeroportos: São Paulo, Rio, Goiânia, Recife, Curitiba", comentou o superintendente.
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As conversas estão mais avançadas para alguns dos projetos previstos para o ano. Mas o portfólio é "dinâmico", afirma Basseto: se um investidor se interessar por outra área, ainda não mapeada, a licitação pode entrar nos planos da Infraero.
Com esses 30 espaços licitados, a estatal espera encerrar 2018 com uma ocupação comercial externa de aproximadamente 6 milhões de metros quadrados, um aumento de 400 mil a 500 mil metros quadrados em relação a 2017. Já as receitas com contratos comerciais ultrapassariam R$ 420 milhões, cifra 8% maior que a do ano passado.
Na lista da Infraero, há terminais em todas as regiões do País. No Sudeste, há oportunidades nos aeroportos de Congonhas (SP), Campo de Marte (SP), Santos Dumont (RJ), Jacarepaguá (RJ), Pampulha (MG) e Montes Claros (MG). No Sul, as áreas disponíveis estão em Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Navegantes (SC). No Centro-Oeste, há projetos já mapeados em Goiânia (GO) e Campo Grande (MS). No Norte, foram contemplados os aeroportos de Belém (PA), Marabá (PA), Manaus (AM) e Macapá (AP). Por fim, completam a relação os terminais nordestinos de São Luis (MA) e Teresina (PI).
De acordo com o porta-voz da estatal, a aposta da Infraero em expandir seus contratos não entra em conflito com os planos futuros do governo para a estatal. "O trabalho que a Infraero está fazendo vai gerar contratos, e mesmo que esses aeroportos venham a ser tratados de uma nova maneira pelo governo, esses contratos são instrumentos legais, válidos e serão sub-rogados pelo novo operador privado", afirma.
Na avaliação de Fabio Falkenburger, sócio de Infraestrutura e head da área de Aviação do escritório Machado Meyer, o mercado pode ver com bons olhos essas ações da Infraero em terminais que poderão ser eventualmente concedidos à iniciativa privada. "É melhor já assumir o aeroporto com uma receita pré-determinada, fixa - desde que em parâmetros e condições boas - do que ter um monte de espaços ociosos que você terá que ir atrás de locatários". Ele aponta, porém, que essas licitações não devem afetar de forma relevante a atratividade desses ativos em uma potencial concessão.