Após dias de espera angustiante, a família de Raynéia Gabrielle Lima, 31 anos, vai poder despedir-se da estudante, morta em Manágua, na Nicarágua, no dia 23 de julho. O corpo da pernambucana chegou ao Recife na madrugada desta sexta-feira (3) e será sepultado durante a manhã.
O avião que trouxe o corpo de Raynéia do Panamá aterrissou no Aeroporto Internacional do Recife à 0h40.
A companhia aérea Copa Airlines não cobrou o frete, mas o Governo do Estado pagou cerca de R$16 mil em outras questões relativas ao traslado, conforme explicou o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico. "Nós iríamos gastar cerca de R$ 31 mil e os custos ficaram em aproximadamente R$ 16 mil relativos ao embalsamento, urna funerária, traslado dentro Manágua para o aeroporto e toda a parte de despacho e documentação."
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No aeroporto, o secretário Pedro Eurico cobrou mais empenho do governo federal no caso. "Nós entendemos que há necessidade do governo federal verdadeiramente se engajar na questão. Infelizmente, até aqui, não se engajou como deveria porque ficou a cargo do governo de Pernambuco arcar com todos os custos, todos os contatos, toda a negociação. Esperamos agora que a representação que fizemos na Corte Interamericana de Direitos Humanos, o ministro Aloysio Nunes dê sequencia. O que eu mais recebi aqui da família foi a cobrança para que esse crime não fique impune, não seja mais um crime político na América Latina, queremos a apuração", afirmou.
Chorando bastante, a mãe da estudante, a enfermeira aposentada Maria José Costa não falou com a imprensa.
Ex-cunhado de Raynéia, o professor Gibson Rocha relatou a desolação que a família tem vivido desde o assassinato. "Há um misto de consternação e de revolta. Sempre que a gente perde um ente querido de uma forma tão brutal e grotesca a gente fica meio sem palavras para descrever o que aconteceu", disse.
Sepultamento
Por volta de 1h20, um carro com o corpo de Raynéia deixou o aeroporto pelo terminal de cargas e seguiu para o Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. No local, o velório está previsto para 7h e o enterro deve acontecer às 11h.
O assassinato
A morte de Raynéia ocorreu em meio à maior onda de violência na Nicarágua desde o fim da guerra civil, em 1990. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.
Segundo o reitor da universidade onde a pernambucana estudava, as autoridades nicaraguenses estão encobrindo um crime cometido por paramilitares, simpatizantes do governo. Segundo Ernesto Medina, Raynéia estava voltando para casa com o namorado, em carros separados, no bairro de Lomas de Monserrat, quando foi morta. “Apareceram três homens encapuzados, com fuzis de guerra, que fizeram sinal de alto. Ela continuou dirigindo e atiraram nela”, contou o reitor.
A Polícia da Nicarágua informou, na sexta-feira (27), que prendeu Piersen Guiérrez Solis, 42, suspeito de ter assassinado a estudante. Segundo nota divulgada pela corporação, Solis tinha uma carabina M4, a mesma arma usada no crime. Anteriormente, a polícia havia dito que o assassinato teria sido cometido por um guarda de segurança privado, mas não fez relação com o atual suspeito.