Atualizada às 23h03
A Polícia Civil de Goiás informou nesta sexta-feira (14) que o médium João de Deus, denunciado por centenas de mulheres de abusos sexuais, inclusive uma delas sendo sua filha quando criança, está negociando sua apresentação às autoridades, por meio de seus advogados. De acordo com o coordenador geral do órgão, André Fernandes de Almeida, João de Deus ainda não é considerado foragido porque a defesa do médium está em contato com as autoridades. Inicialmente, a expectativa era que a apresentação ocorresse até o final da noite desta sexta-feira. Como não aconteceu, o prazo foi 'estendido' até às 12h do sábado (no horário de Brasília). "Se a promessa não for concretizada até amanhã, ele será considerado foragido", disse o delegado geral.
João de Deus ainda não foi localizado e a apresentação à polícia pode acontecer em qualquer lugar do Brasil. A defesa do médium, porém, que se diz inocente, já afirmou que entrará com um pedido de habeas corpus para reverter a decisão.
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Prisão preventiva decretada
Também nesta sexta, foi decretada a prisão preventiva de João de Deus pela Justiça de Goiás. Por conta da medida, o advogado do médium, Alberto Zacharias Toron, informou que entrará com um pedido de habeas corpus para garantir a liberdade do homem. O advogado disse que o pedido é considerado "descabido" e informou que o líder espiritual está disposto a colaborar com a Justiça.
O pedido foi protocolado nessa quarta-feira (12) no Fórum de Abadiânia, município onde João de Deus mantém a Casa Dom Inácio de Loyola. De acordo com o Ministério Público, a prisão preventiva foi decretada por dois motivos: se permanecer solto, o líder espiritual poderá fazer novas vítimas e também coagir as testemunhas.
Defesa vai entrar com habeas corpus
Após a Justiça de Goiás determinar a prisão do médium, denunciado por abuso sexual, o advogado dele, Alberto Toron, disse que vai entrar com pedido de habeas corpus contra a decisão, que considerou “ilegal e injusta”. “A impetração do habeas corpus não exclui a apresentação do senhor João de Deus”, afirmou Toron.
“Só agora tive acesso à decisão do juiz que impôs a prisão preventiva contra o sr. João de Deus. Observo que apenas alguns depoimentos, de poucas vítimas, acompanham o pedido de prisão preventiva, ainda assim, sem os seus nomes.”
Alguns funcionários sabiam dos abusos
Várias mulheres ouvidas pelo Ministério Público afirmaram que alguns funcionários do médium João de Deus eram coniventes com os abusos sexuais cometidos durante as sessões espirituais em Abadiânia (GO). Segundo as promotoras responsáveis, as vítimas apontaram quatro funcionários, cujos nomes se repetem nos depoimentos. O fato será apurado pelo MP de Goiás, que é responsável pelas investigações do caso.
Denúncia vindo de seis países
A força-tarefa criada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) apurou denúncias de abuso sexual contra João de Deus em seis países. Possíveis vítimas procuraram o grupo para denunciar casos de abuso sexual, mesmo vivendo na Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, nos Estados Unidos e na Suíça.
Desde o dia 10, quando foi criado o e-mail para receber denúncias de vítimas, 335 mensagens e contatos por telefone foram atendidos. O e-mail específico para essa finalidade é o denuncias@mpgo.mp.br.
De acordo com o Ministério Público, as denúncias se referem a possíveis vítimas que estão em Goiás, no Distrito Federal, em Minas Gerais e São Paulo, no Paraná e Rio de Janeiro, em Pernambuco, no Espírito Santo e Rio Grande do Sul, em Mato Grosso do Sul, no Pará, em Santa Catarina, no Piauí e Maranhão.
João de Deus é acusado de abusar sexualmente mulheres que buscaram atendimento na residência onde mora. De acordo com informações recolhidas até o momento, o líder espiritual abusava as vítimas após as sessões, quando oferecia atendimento particular.
As denúncias contra João de Deus começaram a vir a público na última sexta-feira (7) quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, divulgou as primeiras denúncias de abuso sexual. A partir daí, outras mulheres que afirmam ser vítimas do médium começaram a procurar as autoridades e a imprensa.