Milionário brasileiro desaparecido pode ter forjado o próprio sumiço

O advogado da mulher do brasileiro radicado nos Estados Unidos Guma Aguiar, um multimilionário que desapareceu na Flórida há dez dias, indicou que o empresário pode estar vivo. De acordo com Bill Scherer, em entrevista para a rede de televisão americana ABC, existe a chance de Aguiar ter orquestrado o desaparecimento para escapar de problemas financeiros, legais e conjugais.

A declaração ocorre em meio a uma batalha judicial na qual a mãe de Aguiar, Ellen, saiu vitoriosa contra a mulher dele, Jamie. As duas disputam o controle dos bens deixados pelo brasileiro, que fez fortuna na Flórida e possui investimentos em Israel.

O desaparecimento vem sendo comparado a mistérios de livros de Agatha Christie. No último dia 20, em uma noite com previsão de fortes temporais na costa da Flórida, Guma Aguiar decidiu sair com seu barco, de 31 pés. No dia seguinte, a lancha foi encontrada sem nenhum indício de violência, ainda ligada, em uma praia de Fort Lauderdale. Depois das buscas, nada foi encontrado.

Nesta semana, o departamento de polícia de Fort Lauderdale anunciou que pesquisaria os registros do GPS do barco e tentaria rastrear o sinal de seu celular. No entanto, as buscas pelo corpo já foram encerradas.

“Ele pode ter cometido suicídio, ter caído do barco e se afogado ou pode ter encenado isso”, disse o advogado na entrevista. “Jamie acredita que ele tenha entrado no barco em depressão e pulado ou esteja em algum lugar lutando pela vida”, afirmou. Há ainda indicações, feitas pelo advogado da mulher, de que o empresário sofria de problemas mentais.

Ao ser indagado se a sua cliente, Jamie, acredita que a mãe saberia de uma encenação da morte, Scherer respondeu “que ela espera que sim, porque desta forma os quatro filhos do casal não teriam perdido o pai”.

A crianças têm idades de 10 meses a 10 anos. Aguiar, de 35 anos e nascido no Brasil, e sua mulher vinham enfrentando problemas conjugais e há relatos de que ela teria pedido o divórcio às vésperas do desaparecimento.

Logo depois do desaparecimento, mesmo antes do fim das buscas, Ellen, a mãe, entrou com uma petição para assumir o controle dos bens do filho. Jamie considerou a atitude prematura, mas entrou com petição similar.

Posteriormente, Ellen propôs que uma empresa de administração de riquezas, a Northern Trust, ficasse responsável pelo dinheiro por enquanto. A ideia foi apoiada por dois rabinos - Guma tem origem judaica. Apesar de Jamie ser contra, a Justiça da Flórida concordou com a mãe.

No tribunal, Ellen apresentou um documento no qual Guma escreveu: “Eu revogo todos os poderes que concedi para a minha mulher, Jamie Aguiar, para agir em meu nome. Inclusive, eu me oponho à indicação de Jamie Aguiar de servir como guardiã de minha pessoa ou de minhas propriedades. No presente, eu e minha mulher estamos em conflito de interesse”.

Ao todo, Guma Aguiar teria US$ 50 milhões em uma carteira de investimentos, além de US$ 15 milhões em uma conta e US$ 40 milhões em imóveis, grande parte em Israel. Em maio, ele teria transformado a sua mulher em guardiã, mas posteriormente mudou de opinião e determinou que fosse sua mãe. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.