A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai apresentar ao conselho do Center for Integrated Modeling of Sustainable Agriculture & Nutrition Security' (Cimsans) pesquisas que a Embrapa Agroindústria de Alimentos vem fazendo no Brasil, na Guatemala, na Nicarágua e está começando no Haiti, na área de biofortificação (desenvolvimento de alimentos mais nutritivos do que os convencionais).
Os trabalhos serão apresentados pela pesquisadora da Embrapa, Marília Nutti, primeira latino-americana a integrar o conselho do Cimsans, que tem quatro representantes dos Estados Unidos, um da Austrália e um da Índia. O Cimsans foi lançado em 2012 pela fundação de pesquisa International Life Sciences Institute (Ilsi), organização mundial criada em 1984 e sediada em Washington (EUA) que congrega universidades, empresas e governos para discutir, em conjunto, uma ciência comprometida com a saúde humana e a preservação do meio ambiente.
Marília disse nesta terça-feira (2) à Agência Brasil, que há dois anos apresentou na reunião anual do Ilsi os progressos que o Brasil vinha fazendo em biofortificação. “Aí, eles começaram a discutir esse tema de agricultura sustentável e segurança nutricional, que é o tema desse conselho”.
A pesquisadora da unidade da Embrapa sediada no Rio de Janeiro destacou que segurança nutricional não é só disponibilidade de alimento, “mas de alimento nutritivo. Isso é que diferencia a segurança alimentar da segurança nutricional”.
O convite prevê a participação da pesquisadora brasileira em uma reunião presencial do conselho e duas por videoconferência por ano. O primeiro encontro ocorrerá nos dias 16 e 17 de outubro, em Washington, quando o conselho deverá estabelecer diretrizes para o trabalho de segurança nutricional. “Um planejamento, por exemplo, de temas e de programas que podem ser estudados e o que, a médio e longo prazo, poderiam ser sugeridos para os países”.
Segundo Marília, o convite que recebeu garante para o Brasil uma participação mais efetiva, principalmente na colaboração Sul/Sul, onde terá oportunidade de passar a experiência na área da biofortificação de alimentos, onde incentiva a diversificação da dieta nutricional a partir da produção local.
Na reunião de outubro, Marília pretende apresentar o trabalho que a Embrapa faz no Brasil, na Guatemala, na Nicarágua e está começando no Haiti, na área de biofortificação. Depois de dez anos, a empresa conseguiu aumentar o teor de ferro e de zinco do arroz, do feijão e do feijão caupi, e de betacaroteno na batata doce e na mandioca. “Mas ainda há dificuldades a serem superadas”, disse.
Um primeiro ponto que Marília quer levar ao conselho é como fazer a combinação de alimentos nutritivos, garantindo que eles cheguem a todo mundo. Isso pode ser conseguido, por exemplo, pela melhoria do conteúdo de alimentos básicos ou explorando outros tipos de horta e de plantio.
O aprimoramento das pesquisas no campo da agricultura sustentável e da segurança alimentar poderá fomentar novas parcerias públicas e privadas para garantir continuidade aos programas de biofortificação alimentar.
Na avaliação de Marília, é importante para o país participar do conselho do Cimsans porque o Brasil já é reconhecido pela sua experiência agrícola, por meio do trabalho que vem sendo efetuado pela Embrapa. “O fato de a gente também estar sendo reconhecido em áreas que ligam nutrição à agricultura é um passo para ver que a gente está se preocupando com a qualidade da ingestão”.
Marília Nutti integra o painel de especialistas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), além da força tarefa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que busca avaliar a segurança de novos alimentos e rações. Atualmente, lidera a Rede BioFORT, coordenada pela Embrapa, que engloba todos os projetos de biofortificação no Brasil.