O neto de Estela Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio, que recuperou sua identidade há oito meses após ter sido roubado durante a ditadura argentina, pediu a restituição de seus sobrenomes de nascimento na justiça - disse à AFP uma fonte da associação nesta terça-feira.
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"Pedimos aos tribunais para que ele receba seu nome real, que é Ignacio Montoya Carlotto", disse a fonte, em relação à afirmação que o jovem fez na segunda-feira perante o juiz federal Marcelo Martínez De Giorgi.
O homem de 37 anos, filho de Laura Carlotto e Walmir Montoya, militantes políticos mortos durante a ditadura (1976-1983), era procurado desde 1977 por sua família materna como Guido Carlotto, mas foi chamado Ignacio Hurban por seus apropriadores, conforme diz seu documento de identidade.
Ignacio, músico profissional, nasceu durante o cativeiro de sua mãe em um centro de detenção clandestino e foi entregue por um empresário a uma família de trabalhadores rurais de Olavarría (353 km a sudoeste de Buenos Aires).
Na audiência perante o juiz, Montoya Carlotto também contou o que sabia sobre sua história.
O jovem foi adotado por Clemente e Juana Hurban e suspeita-se que o bebê tenha sido dado a eles pelo poderoso fazendeiro dono do campo onde eles trabalhavam, já falecido.
A assinatura de Clemente Hurban aparece na certidão de nascimento falsa do jovem, emitida pelo cartório de notas de Olavarría.
A investigação aberta pelo Ministério Público aponta o casal que adotou Ignacio como culpado, mas Estela Carlotto os chamou de "boas pessoas" e apontou o fazendeiro falecido como provável responsável pela apropriação do bebê.
Durante a ditadura na Argentina, cerca de 500 crianças foram roubadas, das quais 116 recuperaram sua identidade graças ao trabalho das Avós da Praça de Maio.