O fragmento de asa encontrado em uma praia da ilha de Reunião, no Oceano Índico, pertence ao voo MH370 da Malaysia Airlines que desapareceu misteriosamente em março de 2014 com 239 pessoas a bordo, anunciou nesta quinta-feira (horário local) o primeiro-ministro malaio.
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Poucas horas de análises foram suficientes para os especialistas reunidos em um laboratório militar perto de Toulouse (sudoeste da França) para confirmar que o fragmento de dois metros quadrados da asa, chamado 'flaperon', foi carregado pelo mar por milhares de quilômetros do local do Oceano Índico onde teria caído, afirmou Najib Razak, durante uma coletiva de imprensa em Kuala Lumpur.
"Hoje, 515 dias após o desaparecimento do avião, é com o coração pesado que preciso dizer que uma equipe internacional de especialistas confirmou conclusivamente que os destroços da aeronave encontrados na Ilha Reunião pertencem de fato ao MH370", declarou o primeiro-ministro.
Contudo, a justiça francesa foi mais prudente e indicou que "fortes evidências" levam a crer que a peça provém do MH370.
A peça "é de um Boeing 777 devido às suas características técnicas", garantiu Serge Mackowiak, vice-procurador da República de Paris.
Ele informou ainda que foi possível fazer "aproximações" com a "documentação técnica" fornecida pelos representantes da companhia aérea.
No domingo, o destroço já havia sido identificado oficialmente como um pedaço de Boeing 777.
Já a companhia Malaysia Airlines considerou nesta quinta-feira que a confirmação da origem da peça é um "grande avanço" para resolver o mistério do desaparecimento do voo.
"Este é realmente um grande avanço para resolvermos o desaparecimento do MH370 e esperamos encontrar mais objetos que possam ajudar com esse mistério", afirma uma declaração da companhia aérea, citada pela agência de notícias oficial Bernama.
Desde que este modelo foi colocado em circulação, em 1995, dois outros Boeing 777 se envolveram em acidentes mortais, ambos no Oceano Índico: um voo da Asiana Airlines se acidentou em San Francisco, em 6 de julho de 2013, matando três adolescentes chineses, e o voo MH17 da Malaysia Airlines, que fazia o trajeto Amsterdã-Kuala Lumpur, foi abatido em pleno voo sobre o leste da Ucrânia, em de 17 de julho de 2014, com 298 pessoas a bordo.
Mas era preciso ter certeza. "Temos praticamente certeza absoluta que se trata do avião do voo MH370, mas procuramos evidências jurídicas", afirmou o especialista em segurança aérea, Xavier Tytelman.
Buscar as causas do acidente
As esperadas análises estão sendo conduzidas na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) era de chineses e a justiça francesa assumiu o caso devido à presença de quatro pessoas desta nacionalidade a bordo do avião desaparecido.
A natureza da peça e de que tipo de avião procede, o número de série, pintura e outras inscrições, os elementos que permitem a identificação de um objeto, não foram especificados pelo primeiro-ministro malaio.
Resta agora estabelecer os indícios que ajudem compreender as causas do acidente. O avião foi destruído durante o voo ou se desintegrou ao atingir o mar?
"Em todo caso, dado o tamanho modesto da peça, nada pode ajudar a esclarecer o que aconteceu", afirmou uma fonte próxima às investigações.
Neste contexto, as famílias das vítimas do voo MH370 voltaram a exigir, pouco após as declarações do primeiro-ministro malaio, explicações sobre o que teria acontecido com o avião e para isso que sejam encontrados a cabine e as caixas-pretas.
O estudo dos crustáceos instalados no 'flaperon', assim como na mala encontrada na mesma praia e analisada em um laboratório da região de Paris, a princípio servirá pouco no que se refere à identificação do avião.
No entanto, segundo certos especialistas, a espécie e a idade dos crustáceos podem permitir dizer por quanto tempo a peça do avião esteve na água, a temperatura desta e por quais lugares passou. Isso pode dar novos indícios sobre a zona de busca por novos destroços.
Paralelamente, a análise de uma mala também encontrada na ilha começaram nesta quarta-feira em um laboratório da gendarmeria (polícia) parisiense.