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O adolescente e suposto autor da agressão antissemita contra um professor judeu em Marselha, sul da França, declarou aos policiais que está orgulhoso de sua ação e que sente vergonha por não ter conseguido matar a vítima, indicou uma fonte ligada à investigação. "Não lamento nada, estou orgulhoso disso", declarou o jovem ao ser levado de Marselha a Paris onde compareceu ante um juiz de instrução que decidirá sobre seu indiciamento.
O jovem curdo, de nacionalidade turca e que fará 16 anos na próxima semana, declarou os investigadores que se interessa pelas teses jihadistas desde 2014, quando viu na TV reportagens que defendiam a ideia de ocidentais serem martirizados pelos muçulmanos e acabou frequentando sites jihadistas. "Eu não represento o Estado Islâmico, ele que me representa", teria dito à polícia.
O professor judeu declarou que teve a impressão de que o agressor pretendia decapitá-lo, segundo comentou seu advogado na terça-feira. Segundo Fabrice Labi, seu cliente teve a impressão de que o agressor queria decapitá-lo, mas o machado era flexível e a lâmina não estava afiada. Além disso, o professor usava uma jaqueta de couro, que o protegeu de um ferimento maior.
O professor também contou à imprensa local que "achou que não sairia vivo da agressão e que viu ódio nos olhos do agressor". A vítima é um professor de 35 anos que leciona no Instituto Franco-hebraico, informou Zvi Ammar, presidente do Consistório israelita de Marselha. O autor do ataque fugiu deixando a arma na cena do crime, mas foi parado dez minutos mais tarde pela polícia.
Na véspera, o grande rabino da França, Haïm Korsia, pediu aos judeus que continuem usando o quipá, mesmo após a agressão antissemita contra o professor em Marselha, em resposta a uma recomendação contrária feita por um representante judeu local. "Não devemos ceder em nada, seguiremos usando o quipá (tipo de chapéu usado por judeus)", declarou Haïm Korsia à AFP.
O presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif, instância laica da comunidade), Roger Cukierman, considerou que a incitação a não usar o quipá "mostra uma atitude derrotista, de renúncia". O presidente do Consistório Judaico de Marselha, Zvi Ammar, havia recomendado, aos judeus desta cidade do sul da França a "retirarem o quipá neste momento conturbado, até dias melhores".