Crime

Argentina é libertada após passar 4 anos em cárcere privado

A mulher ficava presa em um quarto na residência onde o casal vivia com os três filhos - uma adolescente de 13 anos e seus irmãos, de 15 e 8 anos

Do Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 23/03/2016 às 21:22
Leitura:

A argentina Blanca Isabel Figueroa passou quatro anos mantida em cárcere privado pelo próprio marido em Vassouras, município no centro-sul fluminense. A vítima, de 37 anos, foi libertada na manhã dessa terça (22), por policiais militares. O químico industrial Márcio Luiz Neves Ribeiro, de 38 anos, brasileiro, foi preso em flagrante.

A mulher ficava presa em um quarto na residência onde o casal vivia com os três filhos - uma adolescente de 13 anos e seus irmãos, de 15 e 8 anos. Ela sofria agressões, era estuprada e obrigada a urinar e evacuar dentro de um pote, de acordo com os investigadores. A argentina disse que só podia sair de casa acompanhada por Ribeiro, que trancava a porta e levava a chave. Presos, os filhos do casal precisavam pular o muro para alcançar a rua.

Os policiais descobriram o caso a partir de denúncia feita pela filha da vítima, que contou ter presenciado o pai tentando enforcar a mãe. Os agentes informaram que precisaram de seis homens para imobilizar Ribeiro, pois ele reagiu com violência à abordagem policial. Eles também relataram que Blanca estava machucada e psicologicamente abalada. Ela foi medicada no Hospital Universitário Sul Fluminense e liberada em seguida.

A mulher contou aos policiais que conheceu o marido na Argentina. Os dois estavam juntos havia 16 anos, mas o homem teria ficado violento há quatro.

"Ele é muito ciumento. Aí me deixava presa, eu só podia sair com ele. As crianças me defendiam quando ele me agredia, as crianças gritavam. Eu gritava por socorro", contou a mulher, em entrevista ao noticiário "Bom Dia, Rio", da TV Globo, enquanto exibia marcas arroxeadas nos braços.

A vítima e os filhos foram amparados pelo Conselho Tutelar de Vassouras. Eles estão hospedados na casa de um irmão de Ribeiro, que supostamente desconhecia a conduta do agressor.

"Uma assistente social está acompanhando o caso. Ninguém tinha noção do que acontecia naquela casa", disse o conselheiro tutelar Hélio Luis da Costa Júnior.

O Consulado da Argentina no Rio informou que está em contato com Blanca, "procurando dar solução a suas necessidades imediatas". Para isso, a representação do país informou que conta com a "disposição e profissionalismo" da 95ª Delegacia de Polícia, em Vassouras.

"Por se tratar de uma questão tão delicada, é preciso acompanhar o processo com a maior discrição e cautela", disse a cônsul adjunto Florencia Riveros Abraham.

O delegado José Soares dos Santos informou que foi realizada perícia na casa onde a família vivia. Ele acrescentou que um pedido para adoção de medidas de proteção à vítima foi encaminhado à Justiça. A mulher e os filhos já prestaram depoimentos. Ribeiro foi indiciado pelos crimes cárcere privado, tortura, estupro e resistência à prisão.

Últimas notícias