O conhecido maestro russo Valery Gergiev regeu nessa quinta-feira (5) um concerto no anfiteatro da cidade histórica de Palmira, na Síria, onde os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) realizavam execuções públicas quando controlavam a cidade.
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O concerto - "Oração para Palmira. A música volta a dar vida aos antigos muros" - foi interpretado pela orquestra sinfônica do teatro Mariinski de São Petersburgo.
Valery Gergiev dirigiu com entusiasmo sua orquestra, que interpretou durante uma hora peças de Bach, Prokofiev e Shchedrin para cerca de 400 espectadores, incluindo militares russos, jornalistas, líderes religiosos e moradores da cidade.
O presidente russo, Vladimir Putin, cujas tropas desempenharam um papel crucial na conquista de Palmira por parte do regime sírio, no dia 27 de março, chamou o concerto de "extraordinário ato de humanidade".
Por videoconferência, Putin disse que o concerto - retransmitido ao vivo pela TV russa - "é o reconhecimento a todos os que lutam contra o terrorismo arriscando sua vida, uma homenagem a todas as vítimas do terrorismo (...) e um sinal de esperança, não apenas pelo renascimento de Palmira, mas pela libertação da civilização moderna deste terrível mal, que é o terrorismo internacional".
Já o chanceler britânico, Philip Hammond, criticou duramente a organização do espetáculo, ao qualificá-lo de "tentativa de mau gosto para desviar a atenção dos sofrimentos contínuos de milhões de sírios".
Segundo Londres, o regime sírio é o responsável pelo ataque aéreo que matou 28 civis nesta quinta-feira em um campo de refugiados na fronteira da Síria com a Turquia.
Nesta sexta-feira (6) está previsto um outro concerto em Palmira, às 17H00 GMT (14H00 Brasília), desta vez organizado pelo regime sírio.
A vitória sobre os jihadistas em Palmira permitiu que a Rússia, aliada do regime do presidente Bashar Al Assad, confirmasse seu destacado papel no conflito sírio.
No final de abril, o Exército russo anunciou o fim do processo para retirar as minas e explosivos colocados na cidade antiga de Palmira pelo Estado Islâmico.
Gergiev, um maestro reconhecido em todo o mundo, dirige o teatro Mariinski de São Petersburgo desde 1996. Seus detratores o criticam por suas posições excessivamente ligadas ao Kremlin.
O maestro já organizou concertos em locais devastados pela guerra ou por catástrofes naturais, como em 2008, quando regeu diante das ruínas de prédios estatais em Tskhinvali, capital da república separatista georgiana pró-russa da Ossétia do Sul, logo após o início do conflito entre Geórgia e Rússia para controlar o território.
Em 2012, dirigiu um concerto em Tóquio pelas vítimas do acidente nuclear de Fukushima, provocado por um tsunami em 2011.