O comandante militar do Hezbollah, Mustafah Badreddine, morreu em um ataque perto do aeroporto de Damasco, anunciou nesta sexta-feira (13) o movimento xiita libanês, que luta contra os rebeldes na Síria, em aliança com o regime de Bashar al-Assad.
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O poderoso movimento armado xiita, inimigo declarado de Israel e considerado uma "organização terrorista" pelo governo dos Estados Unidos, não anunciou a origem ou a data do ataque, apresentado como uma "grande explosão".
"As informações obtidas durante a investigação preliminar revelaram que uma grande explosão atingiu um de nossos postos nas proximidades do aeroporto internacional de Damasco, matando o irmão comandante Mustafah Badreddine e deixando outras pessoas feridas", afirma uma nota do movimento.
"Vamos prosseguir com a investigação para determinar a natureza e as causas da explosão, e saber se foi provocada por um bombardeio aéreo, um míssil ou por um disparo de artilharia", completa o comunicado.
O movimento xiita armado libanês, que travou uma guerra contra Israel em 2006, costuma acusar o governo israelense pelo assassinato de seus dirigentes, mas desta vez não apontou diretamente contra o Estado hebreu.
Badreddine, de 55 anos, comandava a organização na Síria, onde a guerra entre as tropas de Damasco, rebeldes e jihadistas provoca danos há mais de cinco anos.
Ele também era um dos cinco acusados dentro do movimento xiita pela organização do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, morto em um atentado em Beirute em 2005. Além disso, foi alvo de sanções do Tesouro dos Estados Unidos.
'Mártir'
Algumas horas antes, o Hezbollah anunciou em um breve comunicado a morte de Badreddine.
"Há alguns poucos meses disse: 'não vou voltar da Síria, a não ser como mártir, ou com a bandeira da vitória'. Este é o comandante Mustafah Badreddine, que hoje voltou como mártir", informou o Hezbollah em uma nota divulgada por seu canal de TV Al-Manar.
O funeral deve acontecer nas próximas horas na periferia de Beirute, reduto do Hezbollah.
Badreddine substituiu no cargo de comandante militar Imad Moughniyeh, procurado pela Interpol e pelo governo dos Estados Unidos por uma série de atentados e sequestros e que foi morto em 2008 em Damasco.
O Hezbollah atribuiu o assassinato a Israel, que negou qualquer envolvimento. Badreddine era genro de Moughiniyeh.
Em julho de 2015, o Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções financeiras a Badreddine por "apoio ativo ao regime de Assad e às ações terroristas do Hezbollah".
O Tribunal Especial para o Líbano (TEL), criado pelo Conselho de Segurança da ONU para julgar o assassinato do ex-premier Hariri, emitiu ordens de prisão contra Mustafah Badreddine, considerado o "cérebro" do planejamento do atentado, e contra outros quatro membros do Hezbollah.
O movimento, que negou qualquer responsabilidade no atentado, se recusou a entregar os suspeitos em várias ocasiões.
O TEL é um tema sensível no Líbano, um país dividido entre o Hezbollah, um movimento xiita pró-Irã, e a coalizão dirigida por Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro, sunita.