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Desproteção de refugiados se espalha como um vírus, diz Guterres

Segundo ele, o mundo tem assistido a uma dramática deterioração do sistema de proteção de refugiados

JC Online
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Publicado em 22/11/2016 às 9:16
Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP
Segundo ele, o mundo tem assistido a uma dramática deterioração do sistema de proteção de refugiados - FOTO: Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP
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O próximo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou hoje que o sistema internacional de proteção de refugiados tem sofrido “uma evolução dramática” desde 2015, que começou na Europa, mas “está a espalhar-se como um vírus”.

Num discurso proferido durante o Vision Europe Summit, em Lisboa (Portugal), o ex-Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados defendeu que é crucial “restabelecer a integridade do sistema internacional de proteção” de refugiados, incluindo uma gestão de fronteiras “sensível às necessidades das pessoas”.

Porém, desde 2015, o mundo tem assistido a “uma dramática deterioração do sistema de proteção de refugiados” e à prevalência da “agenda da soberania nacional” sobre “a agenda dos direitos humanos”, assinalou, segundo a Agência Lusa.

Para o futuro secretário-geral da ONU, nenhum país conseguirá resolver sozinho o desafio das migrações, por isso, os grupos regionais, como a Europa, devem “assumir coletivamente as suas responsabilidades”.

Para ele, “a comunidade internacional fracassou” na proteção dos sírios, reconheceu, sublinhando que os mecanismos de cooperação regional têm “um impacto limitado”, nomeadamente porque “o nível de desconfiança é muito grande”.

Criar mais oportunidades para as pessoas ficarem nas suas comunidades é uma das sugestões do próximo líder das Nações Unidas. Assim, “as migrações resultarão de vontade e não de necessidade, de esperança e não de desespero”, distinguiu.

Ameaça e medo

Referindo-se aos recentes resultados de eleições e referendos, Guterres reconheceu a “grave deterioração nas opiniões públicas do mundo” sobre as migrações. “Os refugiados transformaram-se numa ameaça”, lamentou.

O secretário-geral das Nações Unidas designado disse acreditar que “não é sensato ignorar” a sensação “de medo". “Não seremos eficazes se não formos capazes, líderes políticos, organizações internacionais, sociedade civil, de dar respostas concretas aos sentimentos” de comunidades e populações, frisou.

Futuro das migrações

As migrações “são inevitáveis” e, com elas, as sociedades serão, inevitavelmente, “multiétnicas, multirreligiosas e multiculturais”. O segredo – reclamou – está em gerir a “riqueza” da diversidade, firmando um “sentimento de pertença”, o que implica um “forte investimento” político, econômico, social e cultural, de Estados, autarquias e sociedade civil.

“Se não investirmos na diversidade, seremos surpreendidos por mais dos que certos resultados eleitorais, pois os valores que temos e a segurança global serão postos em causa”, alertou.

Guterres – cuja eleição para secretário-geral das Nações Unidas foi apresentada como “a única boa notícia de 2016” pelos anfitriões do Vision Europe Summit – confessou não estar “particularmente otimista com o atual cenário internacional”, mas disse acredita que, enquanto alguns veem as migrações como “o problema” de hoje, outros sabem que são “uma solução”.

Um "esforço concentrado" para gerir as migrações é apontado como Guterres para a solução para este problema. A “ausência de mecanismos globais” só tem beneficiado traficantes e criminosos, hoje “corporações multinacionais”, observou, comentando que se gasta “muito mais dinheiro a combater o tráfico de droga do que o tráfico de pessoas, que é muito pior”.

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