O empresário Jovenel Moise, o candidato apoiado pelo ex-presidente Michel Martelly, venceu a eleição presidencial do Haiti no primeiro turno, com 55,67% dos votos, de acordo com os resultados preliminares oficiais, divulgados na segunda-feira à noite.
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O diretor do Conselho Eleitoral Provisório, Uder Antoine, anunciou que nas eleições de 20 de novembro Moise superou Jude Celestin, candidato do partido opositor LAPEH, que obteve 19,52% dos votos. Moise Jean Charles ficou em terceiro com 11,04% e Maryse Narcisse recebeu 8,99% dos votos.
Aos 48 anos, Jovenel Moise consegue um triunfo eleitoral em sua estreia na política. Empresário agrícola, ele entrou no cenário político haitiano no início de 2015, quando o presidente Martelly o escolheu para representar o partido PHTK.
Se um candidato recebe a metade mais um dos votos é declarado vencedor.
A lei haitiana dá o direito aos candidatos de impugnar os resultados das eleições presidenciais e legislativas nos tribunais antes da publicação do resultado final, em 29 de dezembro.
O país aguarda com tensão os resultados, após episódios de violência política, às vezes com mortes, na nação mais pobre das Américas, com uma história repleta de turbulências políticas.
O presidente interino Jocelerme Privert pediu calma antes do anúncio dos resultados eleitorais.
"Recorrer a atos de violência só pode arruinar os frutos do belo dia que tivemos em 20 de novembro", afirmou Privert no palácio presidencial de Porto Príncipe.
Estas eleições constituem um passo crucial para o restabelecimento da ordem constitucional no Haiti, onde o mandato de Martelly expirou depois que foram anulados os resultados do primeiro turno das eleições em 2015, em meio a inúmeras denúncias de fraude.
Cerca de 6,2 milhões de haitianos estavam habilitados a votar nas eleições do Haiti, que ainda luta para se recuperar dos danos provocados pelo devastador furacão Matthew.
Dos 27 candidatos que competiam pela presidência, quatro proclamaram sua vitória no primeiro turno antes do anúncio oficial, em declarações criticadas pela comunidade internacional.
- "Momento dramático" -
"Meus compatriotas, nosso país está vivendo um momento dramático. É preciso um período de distensão, é preciso calma, serenidade, paz e tranquilidade", afirmou Privert.
"Meus irmãos e irmãs, eu os convido a usar os recursos estabelecidos no decreto eleitoral e as disposições constitucionais para defender seus legítimos direitos", acrescentou.
As eleições do Haiti foram realizadas originalmente em outubro de 2015, mas os resultados foram, por fim, anulados em meio a protestos da oposição, depois que uma comissão independente detectou fraudes em massa.
Com os resultados anulados, Martelly, um cantor muito popular e eleito em meio de 2011, não pôde transferir o poder para um sucessor escolhido pelo voto popular, como estabelece a Constituição.
Os parlamentares escolheram o presidente do Senado, Jocelerme Privert, como chefe de Estado interino - inicialmente com um mandato de três meses -, mas a nova votação foi adiada em meio a distúrbios e disputas políticas.
A primeira rodada das eleições foi programada uma vez mais para 9 de outubro passado, mas foi adiada depois da passagem do furacão Matthew atingisse o país alguns dias antes.