Venezuela

Governo venezuelano liberta opositores na véspera do Ano Novo

Libertação de opositores na Venezuela é esperança de que o congelado diálogo entre situação e oposição possa reacender

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Publicado em 31/12/2016 às 18:26
Foto: JUAN BARRETO / AFP
Libertação de opositores na Venezuela é esperança de que o congelado diálogo entre situação e oposição possa reacender - FOTO: Foto: JUAN BARRETO / AFP
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O governo da Venezuela libertou, na véspera do Ano Novo, sete opositores presos, entre eles o ex-candidato à Presidência Manuel Rosales, o que pode reacender o congelado diálogo entre situação e oposição.

"Fui libertado junto com outros presos políticos. Seguimos na luta pela libertação de todos", escreveu no Twitter Rosales, que tinha sido detido em outubro de 2015, após voltar ao país depois de seis anos de exílio.

Rosales, de 64 anos, que enfrentou o falecido líder socialista Hugo Chávez nas eleições de 2006, tinha sido acusado em 2008 de enriquecimento ilícito quando foi governador de Zulia (oeste) em dois mandatos (2000-2008). Ele também foi prefeito da cidade de Maracaibo e deputado.

Enrique Márquez, presidente do Un Nuevo Tiempo (UNT, fundado por Rosales), confirmou à AFP que a libertação de Rosales e outros opositores foi debatida na mesa de diálogo, instalada em 30 de outubro passado sob os auspícios do Vaticano e da Unasul.

"É resultado destes esforços. Sua liberdade é bom presságio para o resto dos presos políticos", afirmou Márquez.

Embora a maioria dos partidos de oposição exija que se concretize uma saída eleitoral para a crise para que se possa voltar à mesa, o UNT (um dos principais) acredita que o diálogo é a forma de se conseguir a mudança política.

"Há dois caminhos: o radical e o diálogo, que liberta presos e propõe uma mudança pacífica com governabilidade e estabilidade inclusiva", disse à AFP Timoteo Zambrano, representante do UNT nas negociações.

Direção correta

No âmbito do diálogo, que dividiu a Mesa da Unidade Democrática (MUD) porque a metade dos partidos que a integram desconfiam do governo, já são 17 os opositores presos que foram libertados.

No entanto, não foram soltos os dois de maior peso: Leopoldo López, condenado a quase 14 anos de prisão, acusado de incitar a violência nos protestos de 2014, e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, em prisão domiciliar.

As conversações foram congeladas em dezembro depois que a coalizão MUD denunciou que o Executivo não cumpiu com o que foi acertado.

Entre suas exigências principais está justamente a libertação de opositores presos e a solução eleitoral para a crise do país.

Após tomar conhecimento das últimas libertações, a MUD expressou, em um comunicado que "toda libertação de presos políticos é um passo na direção correta (...), no caminho de desmantelar a vingança e reconstruir a convivência".  

"Transitar esse caminho é a conduta que deve ser incentivada e fortalecida", acrescentou a aliança, afirmando que continuará lutando pela libertação de todos os opositores presos.

Fontes da MUD asseguraram à AFP que a coalizão prefere manter a "cautela" após as libertações, porque qualquer declaração "poderia por em risco mais que ajudar o restabelecimento da interlocução". 

Após as libertações, López e Ledezma publicaram cartas nas quais pediram ao Parlamento, de maioria opositora, que retome em 2017 a ofensiva a Maduro. "A Assembleia deve decidir sobre o abandono de seus deveres constitucionais", pediu López.

Liberdade para todos

Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal Venezuelano, confirmou que, além de Rosales, foram soltos os opositores Skarlyn Duarte, Yeimi Varela, Nixon Leal, Angel Contreras e Gerardo Carrero.

"Esperávamos as libertações, depois de conversações com o Nunciatura", destacou Romero através da rede Periscope, ao fazer alusão a gestões recentes.

Todos, menos Rosales, estavam reclusos na sede do serviço de Inteligência (Sebin), em Caracas, e foram detidos em 2014 durante os protestos que exigiam a saída de Maduro do poder.

Em seguida, a deputada Delsa Solórzano, vice-presidente do UNT, confirmou a libertação de um sétimo opositor: o polêmico editor Leocenis García, a quem o governo expropriou em 2015 seu grupo de informação Sexto Poder.

Romero exigiu ao governo libertar todos os "presos políticos" e frenar a detenção de opositores, pois assegura que este ano 55 foram postos atrás das grades.

"De 109 presos políticos (no total), libertaram seis, restam 103. Continuamos esperando que no transcurso do dia sejam libertadas mais pessoas", acrescentou o diretor do Fórum Penal.

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