O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, declarou nessa segunda-feira (16) uma "guerra frontal contra a corrupção", em meio ao escândalo por pagamento de propinas da Odebrecht a funcionários públicos colombianos.
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"Façamos deste 2017 um ano de guerra frontal contra a corrupção", disse o chefe de Estado, ao indicar Fernando Carrillo como novo procurador-geral da Nação.
Um ex-vice-ministro de Alvaro Uribe, presidente entre 2002 e 2010, e um ex-senador foram detidos nos últimos dias acusados de receber propinas da Odebrecht, apontada pelos Estados Unidos e pela Procuradoria da Colômbia por pagar subornos milionários em troca de obras públicas no país entre 2009 e 2014.
Santos, presidente desde agosto de 2010 e reeleito em 2014 para um segundo mandato de quatro anos, pediu aos organismos de controle que resolvam "esses casos o mais rápido possível".
"Até agora nenhum funcionário do meu governo foi apontado por ter recebido suborno da Odebrecht, mas se chegassem a fazer isso, que caíssem todos, todo o peso da lei", enfatizou, aproveitando para anunciar que proporá uma lei que os corruptos não tenham o benefício de prisão domiciliar.
"O câncer da corrupção está em metástase – como estamos sentindo nesses dias – e nos exige ainda mais vontade, mais contundência e melhor trabalho em equipe", ressaltou Santos, afirmando que nenhum de seus familiares fez "um só negócio com o governo" ou "esteve envolvido em algum tipo de tráfico de influências".
Santos também disse que ordenou à Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) que entregue ao Ministério Público toda a informação vinculada aos contratos questionados.
A Câmara Colombiana de Infraestrutura anunciou nesta segunda-feira a expulsão do grupo brasileiro de seu grêmio devido ao escândalo de corrupção.
O organismo exortou o governo e os órgãos de controle a "liderar com decisão e energia uma cruzada nacional para combater e erradicar o fenômeno corrosivo da corrupção" nos contratos públicos.
Odebrecht mantinha três contratos com o Estado colombiano
A Odebrecht mantinha três contratos com o Estado colombiano: um trecho da Estrada do Sol (entre o centro do país e o Caribe), obtido durante o mandato do presidente Alvaro Uribe, a estrada Puerto Boyacá - Chiquinquirá e um trabalho para dar navegabilidade ao rio Magdalena, ambos sob o mandato de Santos.
No domingo, o ex-vice-ministro dos Transportes Gabriel García Morales, que ocupou o cargo durante o governo Uribe, admitiu as acusações que o Ministério Público lhe imputou pelos fatos que o vinculam com as irregularidades na concessão dos contratos do Trecho Dois da Estrada do Sol.
De acordo com o Ministério Público, Morales recebeu 6,5 milhões de dólares para excluir concorrentes para que o desaparecido Instituto Nacional de Concessões (INCO), sob sua responsabilidade na época, desse a obra à Odebrecht.
No sábado, as autoridades prenderam o ex-senador Otto Nicolás Bula, do governista Partido Liberal, por suspeita de "violação do regime de trocas internacionais".
O Ministério Público afirma que "a sucursal da Odebrecht na Colômbia contratou, em cinco de agosto de 2013, Otto Nicolás Bula, mediante a modalidade de 'honorários por resultado, ou cota de êxito' com o objetivo de obter o contrato" para um trecho da Estrada do Sol.
Segundo o MP, no total a Odebrecht pagou US$ 11,1 milhões de dólares em subornos na Colômbia por contratos públicos.