Um grupo de cientistas anunciou a criação de um teste de detecção precoce do câncer de pâncreas, um dos mais mortais por causa da sua agressividade e da falta de tratamentos eficazes em estado avançado.
Atualmente, este tipo de câncer costuma ser descoberto quando está muito avançado, pois evolui sem sintomas, matando 80% dos pacientes no ano seguinte ao diagnóstico.
Em estudo publicado nessa segunda-feira (6) pela revista científica Nature Biomedical Engineering, pesquisadores americanos e chineses apresentaram um teste econômico e ultrassensível, que facilita diagnosticar precocemente o câncer de pâncreas com uma pequena quantidade de plasma sanguíneo.
"O câncer de pâncreas é um dos cânceres para o qual precisamos desesperadamente de um diagnóstico precoce", ressaltou o doutor Tony (Ye) Hu, principal autor do estudo.
O teste que desenvolveu com seus colegas é baseado na detecção de um elemento específico - a proteína EphA2 - em algumas vesículas extracelulares, pequenas bolhas transportadas de célula em célula.
Estudos anteriores mostraram que essas vesículas desempenham um papel importante no desenvolvimento e no avanço de alguns cânceres, em especial no do pâncreas.
Quando surgem de um tumor, essas vesículas seriam, inclusive, capazes de modificar o entorno, facilitando a metástase.
Atualmente já existe um elemento tumoral detectado, o CA 19-9, porém é pouco específico, uma vez que também pode ser encontrado em pequenas quantidades no fígado, na vesícula biliar e nos pulmões de um adulto saudável. Ainda assim, sua taxa é muito elevada no caso de pancreatite (inflamação do pâncreas) e de obstrução de um canal biliar.
Leia Também
- Se recuperando de câncer, garoto recebe visita de ídolos do Sport
- Agência britânica alerta que torradas queimadas podem causar câncer
- Após quase dois anos de luta, a youtuber Lorena, do Careca TV, está curada do câncer
- Mortes por câncer aumentaram 31% no Brasil em 15 anos, afirma OMS
- Dia Mundial do Câncer alerta para importância do diagnóstico precoce
- Diagnóstico tardio de câncer de mama preocupa mastologistas
O novo teste se mostrou claramente mais eficaz durante um estudo realizado com 48 pessoas saudáveis, 48 pacientes con pancreatite e 59 pacientes que sofrem de câncer de pâncreas em estado precoce ou avançado. Facilitou detectar mais de 85% dos cânceres.
Esse resultado será validado somente após um estudo mais profundo, antes de poder obter a autorização da agência americana de medicamentos (FDA), ou seja, "provavelmente daqui a dois ou três anos", segundo o doutor Hu.