Israel

Parlamento israelense legaliza colônias na Cisjordânia ocupada

Organização para Libertação da Palestina criticou a legalização, afirmando que a lei ''legaliza o roubo'' de terras palestinas

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Publicado em 07/02/2017 às 9:37
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Organização para Libertação da Palestina criticou a legalização, afirmando que a lei ''legaliza o roubo'' de terras palestinas - FOTO: HAZEM BADER / AFP
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O Parlamento israelense aprovou, nesta segunda-feira (6), uma polêmica lei que legaliza dezenas de colônias judaicas construídas em territórios privados na Cisjordânia ocupada.

Aprovada por 60 votos contra 52, a lei passou na terceira e última leitura, depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter dito que informou o governo americano sobre o tema.

A Organização para Libertação da Palestina (OLP) reagiu, declarando que a nova lei israelense "legaliza o roubo" de terras palestinas.

Em nota, a OLP afirma que a lei atesta "a vontade do governo israelense de destruir qualquer chance de solução política", acrescentando que "a empreitada de colonização de Israel é um entrave para a paz e para a possibilidade de uma solução de dois Estados".

Nesta segunda-feira, Israel começou a desmantelar Amona, a colônia na Cisjordânia que esteve no centro de uma batalha política e legal por vários anos.

A maioria das construções de Amona era pré-fabricada.

Na quarta (1º) e na quinta-feira (2) da semana passada, centenas de policiais israelenses retiraram os últimos moradores - de um total de entre 200 e 300. Eles haviam decidido permanecer na área, apesar das ordens para deixarem o local.

A grande maioria dos colonos se retirou de forma pacífica.

Os policiais usaram a força, porém, para pressionar a retirada de centenas de jovens que chegaram de colônias vizinhas com a convicção de que essas terras da Cisjordânia - território palestino ocupado por Israel desde 1967 - são israelenses segundo a Bíblia.

ONU considera colônias israelenses na Cisjordânia como ilegais

Em 2014, a Suprema Corte israelense ordenou a evacuação de Amona, tida como ilegal por estar construída em terras privadas palestinas.

Já a ONU considera todas as colônias ilegais, assim como um obstáculo para a paz entre israelenses e palestinos.

A Suprema Corte deu ao governo israelense até 8 de fevereiro para que toda a área fosse liberada.

A situação de Amona serviu de inspiração para o projeto de lei que permitirá a Israel se apropriar de centenas de hectares de terras palestinas e legalizar - de acordo com o Direito israelense - dezenas de colônias ditas "selvagens". O objetivo é evitar o mesmo destino que Amona.

Amona levou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a prometer, como compensação, a criação de uma nova colônia - a primeira promovida pelo governo nos últimos 25 anos.

O caso de Amona cristalizou a problemática questão da colonização no momento crucial da chegada de Donald Trump à Casa Branca. O republicano é considerado mais favorável às posições israelenses do que seu antecessor Barack Obama.

Desde que Trump assumiu o poder em 20 de janeiro, Israel fez cinco novos anúncios de colonização.

Na segunda-feira à noite, o Departamento de Estado americano se negou a tomar uma posição sobre a nova lei. 

"A administração deve ter a oportunidade de consultar plenamente todas as partes a respeito do caminho a seguir", disse à AFP uma fonte do Departamento que pediu anonimato.

"Neste ponto, as indicações mostram que é provável que esta legislação seja revisada pelos tribunais israelenses competentes e a administração de Trump não fará comentários a respeito até a decisão do tribunal pertinente", destacou.

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