O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quinta-feira (9) o lançamento a partir da península egípcia do Sinai de dois foguetes que caíram na cidade israelense de Eilat, às margens do Mar Vermelho, no sul do país.
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Os tiros, que não fizeram feridos, foram seguidos da morte no Sinai de dois palestinos, mortos durante a noite por um ataque israelense segundo o movimento islamita do Hamas, que governa a Faixa de Gaza vizinha.
O exército israelense negou qualquer envolvimento. Mas a sucessão de acontecimentos nutriu as especulações sobre um ato de represália israelense após os disparos de foguetes.
Vários foguetes foram lançados na quarta-feira à noite do Sinai. O sistema de defesa israelense Domo de Ferro interceptou três foguetes e outro não atingiu a cidade.
A facção egípcia do EI reivindicou os tiros em um comunicado divulgado nas redes sociais. "Graças a Deus, uma ala militar disparou vários foguetes Grad contra Eilat", afirma o grupo egípcio.
O Sinai é cenário de confrontos frequentes entre soldados e policiais egípcios com membros da organização Província do Sinai, vinculado ao EI, que antes era conhecido como Ansar Beit Al-Maqdess.
Ansar Beit Al-Maqdess foi criado em março de 2011 com o objetivo de atacar Israel, que faz fronteira com o Sinai e evitar a cooperação entre Egito e Israel.
Mas o grupo ataca principalmente o regime do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi desde que, em julho de 2013, derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi.
O Egito é um dos dois países árabes, ao lado da Jordânia, que tem um tratado de paz com Israel.
Algumas horas após os tiros em Eilat, dois palestinos, Hossam al-Sufi, de 24 anos, e Mohammed al-Aqra, de 38 anos, foram mortos 200 km mais ao norte no Sinaï, na fronteira com a Faixa de Gaza.
Eles morreram em um ataque israelense, disse Achraf al-Qoudra, porta-voz do ministério da Saúde de Gaza. Cinco outras pessoas foram feridas.
Envolvimento do Hamas
Mortos e feridos foram levados para um hospital no enclave palestino.
Eles trabalhavam em um dos túneis de contrabando sob a fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, sujeita aos bloqueios israelense e egípcio, segundo uma fonte de segurança do Hamas.
O porta-voz do exército israelense, o coronel Peter Lerner, negou o envolvimento israelense. O ministério da Defesa do Egito se recusou a comentar.
Se for verdade, o ataque israelense poderia indicar que Israel atua no território de um dos dois únicos países árabes com os quais fez a paz. Mas a questão das relações entre Israel e Cairo e a sua cooperação é extremamente contestada na opinião pública egípcia.
Israel responde sistematicamente aos tiros de projéteis de Gaza, como fez segunda-feira. Esses tiros são comumente atribuídos a organizações salafistas, mas Israel aponta o Hamas como responsável pelo que acontece no território.
No entanto, os tiros de foguetes de quarta-feira à noite foram os primeiros desde 2015 a partir do Sinai, disse à AFP Ely Karmon, analista do Instituto Internacional para a luta contra o terrorismo, em Israel.
"Se foi Israel que atingiu o túnel, está claro que (Israel) acha que o Hamas tem algo a ver" com os foguetes em Eilat, acrescentou. "Talvez (Israel), acredita que alguns destes jihadistas vêm do Hamas ou que tenha recebido armas do Hamas", disse ele.