MÉXICO

Milhares de mexicanos protestam contra Trump em polêmica marcha

Os mexicanos criticam o projeto do muro fronteiriço defendido pelo presidente norte-americano

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Publicado em 12/02/2017 às 20:23
Foto: Julio Cesar AGUILAR / AFP
Os mexicanos criticam o projeto do muro fronteiriço defendido pelo presidente norte-americano - FOTO: Foto: Julio Cesar AGUILAR / AFP
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Em plena crise diplomática com os Estados Unidos, milhares de mexicanos foram às ruas neste domingo (12), no âmbito do movimento "Vibra, México", para protestar contra o presidente Donald Trump e seu projeto de muro fronteiriço.

Com tons nacionalistas, a manifestação foi criticada por alguns setores.

Cerca de 20 mil pessoas - segundo números do governo local - participavam da marcha na Cidade do México, que partiu do Auditório Nacional rumo ao emblemático monumento do Anjo de Independência.

"O México deve ser respeitado, Sr. Trump", dizia um imenso cartaz à frente da marcha, em meio às centenas de bandeiras mexicanas que coloriam o protesto.

Milhares de policiais acompanhavam a manifestação, que contou com a presença de famílias com crianças e de representantes de dezenas de organizações civis, universidades e associações empresariais. Alguns deles estavam vestidos de branco, com lenços na cabeça com as cores da bandeira, ou o escudo nacional pintado no rosto.

"Estamos aqui para que Trump veja e sinta como todo um país, unido, se levanta contra ele e suas estupidezes xenófobas, discriminatórias e fascistas. O México não será seu escravo", disse à AFP a estudante de Literatura Julieta Rosas, da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), usando uma camiseta com o presidente americano com o bigode característico de Adolf Hitler.

O americano Erick Smith, casado com uma mexicana, caminhou levando um cartaz, no qual pedia desculpas ao país de sua mulher: "Sorry Mexico".

"Não quero esse muro. Cada vez que venho ao México de férias, eu me sinto em casa. Vim para dizer que meu presidente me envergonha. Vim para dizer 'sinto muito' ao México", comentou, em conversa com a AFP.

"Todos somos migrantes, todos somos um. É hora de fazer pontes, não muros", comentou José Antonio Sánchez, de 73, acompanhado da neta de nove.

Convocado pelas redes sociais, o movimento se espalhou por pelo 20 cidades. O impacto dos protestos foi menor na província. Em Guadalajara (oeste), cerca de 10.000 pessoas foram às ruas, estudantes em sua maioria, enquanto em Monterrey (nordeste) e Morelia (oeste) eram 2.000. Em Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, a convocação não teve eco.

"É hora de todos os cidadãos somarem esforços e unir vozes para manifestar nossa rejeição e indignação diante das pretensões do presidente Trump e, ao mesmo tempo, contribuir para a busca de soluções concretas", convocou o movimento Vibra México, em sua página on-line.

PEÑA NIETO

Segundo a imprensa local, o presidente Enrique Peña Nieto defendeu a marcha deste domingo. Alguns analistas consideraram esse impulso nacionalista de "irracional", por parte da população, e de "oportunismo político", por parte do governo.

Muitos criticam que o ganhador desse movimento seja Peña Nieto, porque consegue coesão no momento em que seus índices de popularidade se encontram em seu pior nível, sobretudo, depois de ter convidado Trump para ir ao México quando era candidato.

"Trump é um perigo, e Peña Nieto não esteve à altura. Não nos defendeu, ou fez isso de uma forma extremamente fraca. Não se impôs", criticou o comerciante Héctor Morales, de 50 anos.

"Não tememos o #Muro de @realDonaldTrump, tememos que o povo inocente marche junto com seus próprios carrascos", tuitou o padre católico Alejandro Solalinde, um ferrenho defensor dos migrantes que dirige um abrigo para pessoas em situação ilegal.

Muitos estudantes e professores da Unam rejeitaram o apoio do reitor à marcha.

"Repúdio total na #UNAM à farsa #VibraMexico", dizia um dos comentários nas mídias sociais.

Para mostrar sua rejeição à passeata, vários internautas postaram comentários com o hashtag #VibroContraPeña e #NoesTrumpesPeña.

Depois desses protestos, a Casa Branca confirmou, neste domingo (12), sua vontade de acelerar a expulsão dos imigrantes em situação ilegal.

"A repressão contra os clandestinos criminosos é apenas a aplicação da minha promessa de campanha", tuitou o presidente americanos.

"Os membros de gangues, os traficantes de drogas e outros estão sendo expulsos!", comemorou.

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