A empresa de transporte privado Uber contratou Eric Holder, ex-secretário de Justiça do governo de Barack Obama, para investigar as condições de trabalho na companhia e tentar reduzir o escândalo provocado pelas denúncias de assédio sexual de uma ex-funcionária.
Susan Fowler, uma engenheira que trabalhou no Uber até o fim do ano passado, publicou no domingo um artigo em seu blog no qual revela que abriu mão de seu cargo porque um diretor fez insinuações sexuais, a partir do momento em que entrou na empresa no fim de 2015. O diretor executivo do Uber, Travis Kalanick, anunciou na segunda-feira o início de uma "investigação urgente".
Em um e-mail enviado aos funcionários e ao qual a AFP teve acesso, Kalanick informa que Eric Holder e a advogada Tammy Albarran do escritório Covington & Burling farão uma "revisão independente dos problemas específicos vinculados ao ambiente de trabalho revelados por Susan Fowler, assim como de modo geral sobre a diversidade e a inclusão no Uber".
Arianna Huffington, do Conselho Administrativo do Uber, Liane Homsey, diretora de Recursos Humanos, e Angela Padilla, diretora para Assuntos Legais, também participarão na investigação. Fowler revelou que apresentou reclamações a diretores da empresa no departamento de Recursos Humanos, mas ouviu que era a "primeira ofensa" deste funcionário e que não queriam punir e deixar incomodado um "alto executivo".
Mulheres no Uber
A denunciante disse que nos meses posteriores outras engenheiras da empresa conversaram com ela e informaram que sofreram assédios similares. Ela também denunciou políticas sexistas no Uber, ao destacar que o percentual de mulheres na empresa caiu de 25% a 3% do momento em que foi contratada até o pedido de demissão, o que segundo Fowler evidencia o "sexismo dentro da organização". Kalanick disse que nas áreas engenharia, gestão de produtos e científica 15,1% dos funcionários são mulheres.
O índice "não mudou consideravelmente no último ano", afirmou, antes de estabelecer uma comparação com o número de mulheres contratadas por outras empresas do setor: 17% no Facebook, 18% no Google e 10% no Twitter. O caso reaviva o debate sobre o suposto sexismo no Silicon Valley, criticado constantemente por sua falta de diversidade social. Assim como os negros e latinos, as mulheres têm pouca representação entre os funcionários do setor de tecnologia.