DIPLOMACIA

G20 busca uma nova governança mundial após a chegada de Trump

Desde a sua chegada à Casa Branca, Trump quebrou tabus em temas como a migração e a guerra de divisas

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Publicado em 15/03/2017 às 14:55
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Desde a sua chegada à Casa Branca, Trump quebrou tabus em temas como a migração e a guerra de divisas - FOTO: Foto: AFP
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Os ministros das finanças dos países do G20 se reúnem a partir desta sexta-feira (17) em Baden Baden (Alemanha) para buscar um novo modelo de governança mundial após a chegada de Donald Trump à Casa Branca e para tentar que os Estados Unidos não renuncie ao multilateralismo.

Desde a sua chegada, Trump quebrou tabus em temas como a migração, a guerra de divisas ou as políticas econômicas ,as resta saber até onde está disposto a chegar.

"Esta reunião será sem dúvida uma das mais importantes dps últimos anos", garante o comissário europeu de Assuntos Econômicos Pierre Moscovici.

Mais moderado, o ministério alemão das Finanças reconheceu que "as políticas americanas terão um papel" na cúpula embora "não haja razões para ser pessimistas" sobre a relação com os Estados Unidos.

No entanto, uma fonte europeia se pergunta: "Os Estados Unidos continuam acreditando no G20?"

Trata-se da primeira vez que Steven Mnuchin, o secretário do Tesouro de Trump, participa em uma cúpula desse grupo que reúne as 19 principais economias mundiais (industrializadas e emergentes) mais a União Europeia.

"Estamos em uma fase um pouco especial, a direção americana é muito difícil de decifrar, há uma diferença entre as posições do presidente e o que acontece no nível ministerial", explica outra fonte próxima aos preparativos da cúpula.

A reunião dos ministros das Finanças mais governadores dos bancos centrais será fundamental para preparar a cúpula dos chefes de Estado e de governo do G20, prevista em julho em Hamburgo.

Segundo a pesquisadora Britanney Warren, do G20 Research Group da universidade de Toronto, "nenhuma das 20 prioridades do discurso inaugural [de Donald Trump] se ajusta totalmente" aos compromissos da cúpula anterior do G20, celebrada na China no ano passado.

- Limar asperezas -

Por isso, a declaração final do encontro deste final de semana será fundamental para ver a orientação do grupo. Segundo um rascunho ao qual a Bloomberg News teve acesso, desta vez não se falará de "rejeitar" ou "resistir" ao protecionismo, como nos últimos anos, para limar asperezas com a administração Trump.

Para Ivan Tselichtchev, professor de economia da Universidade de Gestão Niigata, no Japão, "isso daria à administração Trump liberdade para atacar o que considera um 'comércio desequilibrado'".

Já o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, lembrou na quinta-feira que há que manter os compromissos do G20, "un pilar da estabilidade que acompanha o crescimento econômico nos últimos 20 anos".

Uma fonte do governo americano garante que su país está "apegado a um comércio aberto e equitativo", onde as empresas e trabalhadores se beneficiem da igualdade no tratamento". Mas a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, alertou para as "medidas que poderão afetar gravemente o comércio, a migração, o fluxo de capitais e o compartilhamento de tecnologias".

O comissário europeu Moscovici pede por sua vez que todas as medidas sejam fiscalizadas de forma "justa e transparente", para garantir um "comércio justo e equitativo".

Steven Mnuchin, que foi banqueiro de Goldman Sachs, assegura que quer chegar a um compromisso entre os anseios dos membros do G20 e o que será defendido por Donald Trump na cúpula de Hamburgo em julho.

"É um desafio, mas como o presidente Trump não tem uma posição definitiva em muitos temas, a parte do comércio e de abolir a lei Dodd-Frank [medidas de regulação financeira], há uma possibilidade razoável de chegar a um consenso", explica John Kirton, co-diretor do G20 Research Group.

A Alemanha, que preside o G20 neste ano, quer que também seja tratada na cúpula a situação da África, com um projeto para "melhorar as condições de investimento privado na África, a última grande região do mundo que ainda não se integrou à economia mundial".

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