Estados Unidos

Sem apoio no Congresso, Trump retira projeto de reforma da saúde

Em discurso feito no Salão Oval, Trump disse ter ficado desapontado e um pouco surpreso com o revés obtido no Congresso americano

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Publicado em 24/03/2017 às 20:37
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Em discurso feito no Salão Oval, Trump disse ter ficado desapontado e um pouco surpreso com o revés obtido no Congresso americano - FOTO: MANDEL NGAN / AFP
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Em uma dura derrota política para seu início de governo, o presidente americano, Donald Trump, retirou nesta sexta-feira o polêmico projeto de reforma do sistema público de saúde, ao constatar que não teria os votos necessários para a sua aprovação.

Em discurso à nação do Salão Oval da Casa Branca, Trump disse ter ficado "desapontado" e um "pouco surpreso" com o revés. O presidente previu que o modelo atual "explodirá" e disse que agora vai se concentrar em reformar o sistema fiscal.

"Provavelmente vamos nos mover de imediato para a reforma fiscal", disse o presidente no Salão Oval da Casa Branca. "Estivemos muito perto" de aprovar a polêmica reforma do modelo de saúde pública, "nos faltou talvez 10 a 15 votos".

"Mas aprendemos muito com isto, foi uma experiência muito interessante", acrescentou Trump.

Em coletiva de imprensa, o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, afirmou ter falado com Trump para lhe dizer que "o melhor a fazer era retirar este projeto de lei, e ele concordou".

Sem esconder sua frustração, Ryan disse que o atual sistema de seguros saúde "é a lei".

"Não temos os votos suficientes para substituir esta lei. De forma que sim, teremos que conviver com o Obamacare por enquanto", expressou.

Os republicanos ocupam 237 cadeiras do total de 435 da Câmara de Representantes, e Trump precisava de 216 votos para aprovar sua proposta e sepultar o atual modelo do sistema público de saúde, conhecido como Obamacare.

Mas a posição ultraconservadora da bancada republicana ficou irredutível, e os visíveis esforços da Casa Branca em busca de um acordo fracassaram.

Uma hora antes do horário previsto para a votação do projeto de lei, Ryan foi à Casa Branca informar Trump que o texto não seria aprovado "e o presidente lhe pediu que retirasse o projeto de lei", disse à AFP um auxiliar do influente legislador.

O projeto de lei devia ter sido votado na tarde desta quinta-feira, mas diante do evidente racha interno no Partido Republicano, a decisão acabou sendo adiada para esta sexta.

O presidente, que tinha feito da reforma do Obamacare uma de suas mais importantes promessas de campanha, empreendeu esforços de última hora para conseguir unidade partidária e garantir a aprovação do projeto de reforma.

Neste esforço, Trump pôs em jogo sua fama de negociador nato, mas ele fracassou em convencer a ala ultraconservadora republicana a apoiar o projeto.

Trata-se de um grave tropeço político para Trump neste início de mandato, que arranha sua reputação e afeta sua capacidade de negociação com o Congresso.

- Promessa de campanha -

A substituição do Obamacare foi uma das principais promessas de campanha de Trump, que sempre qualificou o sistema de "verdadeiro desastre".

Mas após sua posse, Trump e os legisladores do Partido Republicano perceberam que era preciso propor uma legislação alternativa, o que acabou por minar a unidade por trás do presidente.

O projeto de lei de Trump buscava recompor parte do sistema que vigorava antes do Obamacare (com seguros de saúde basicamente sem regulamentação), mas conservava alguns elementos da lei de Barack Obama, como a cobertura de doenças pré-existentes na contratação de novas coberturas.

Ainda asssim, a comissão do Congresso encarregada de estatísticas concluiu que o projeto apresentado por Trump deixaria 14 milhões de pessoas sem cobertura a curto prazo, cifra que poderia chegar a 20 milhões em alguns anos.

Após a amarga derrota política desta sexta-feira, Trump reafirmou que mantém sua confiança em Ryan e destacou que tem "amigos" no bloco de legisladores que se negaram a apoiar sua proposta de reforma, condenando-a ao fracasso.

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