RAMALLAH, Territórios palestinos - Mais de mil palestinos detidos em penitenciárias israelenses iniciaram uma greve de fome coletiva nesta segunda-feira (17), um movimento convocado por Marwan Barghuthi, líder da segunda Intifada condenado à prisão perpétua.
Essa greve de fome pretende "acabar com os abusos" da Administração Penitenciária, afirmou Barghuthi, uma figura da resistência palestina à ocupação israelense.
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Em inúmeras cidades da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, milhares de manifestantes saíram às ruas em solidariedade aos grevistas, posto que a questão dos prisioneiros encarcerados pelo Estado hebreu - 6.500 atualmente - é fundamental para os palestinos.
Nos últimos anos, vários palestinos realizaram greves de fome individuais para se manifestar contra os abusos, protestos que os deixaram à beira da morte e terminaram com acordos de libertação. Alguns acabaram sendo detidos novamente pouco tempo depois.
Apartheid judicial
Essas iniciativas individuais provocaram intensos debates na sociedade palestina. Muitos denunciam atos perigosos para os que realizam a greve, mas que não têm impacto para o conjunto dos prisioneiros.
Desta vez, a primeira em muitos anos, foi definido um movimento coletivo para apresentar "petições humanitárias previstas no Direito Internacional e reconhecidas como parte dos direitos humanos", disse à AFP Fedwa Barghuthi, mulher de Marwan, durante um protesto em Ramallah.
Entre outras reivindicações, os prisioneiros pedem telefones públicos nas penitenciárias, direitos de visita ampliados, o fim das "negligências médicas" e dos envios para a solitária, assim como acesso aos canais de televisão e à climatização.
A última greve conjunta nas prisões israelenses aconteceu em fevereiro de 2013, quando 3.000 palestinos se negaram a comer, durante um dia, para protestar contra a morte de um detento na prisão.
Marwan Barghuthi - grande rival do presidente palestino, Mahmud Abbas, dentro do partido Al-Fatah e com frequência apontado como líder nas pesquisas de uma hipotética eleição presidencial palestina - organizou o movimento, uma novidade desde sua detenção há 15 anos, de acordo com sua esposa.
"Os prisioneiros palestinos sofrem torturas, tratamentos degradantes e desumanos e negligências médicas. Alguns morreram como detentos", denuncia no artigo do "New York Times" aquele que foi um dos líderes da revolta mais emblemática contra Israel entre 2000 e 2005.
Barghuthi denuncia "um apartheid judicial que garante uma impunidade para os israelenses que cometem crimes contra os palestinos e criminaliza (...) a resistência palestina".
Cerca de 1.300 detentos palestinos participam do movimento, "e este número pode aumentar nas próximas horas", declarou à AFP Issa Qaraqee, secretário para a questão dos prisioneiros dentro da Autoridade Palestina. O Clube dos Prisioneiros falava em 1.500 grevistas.
O porta-voz da Administração Penitenciária de Israel, Assaf Librati, informou sobre "quase 1.100" detentos em oito prisões israelenses, referindo-se a "medidas disciplinares já adotadas".
"A Administração Penitenciária israelense não negocia", advertiu. Hoje, em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Wafa, Abbas pediu "à comunidade internacional que salve a vida dos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses".