A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) rejeitou nesta quinta-feira (20) a proposta de Rússia e Irã de abrir uma nova investigação sobre o suposto ataque químico na Síria no início de abril, indicou a delegação britânica na OPAQ.
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"O Conselho Executivo da #OPAQ rejeitou de forma esmagadora a decisão russo-iraniana", disse a delegação britânica em sua conta no Twitter.
O projeto de Moscou e Teerã, obtido pela AFP, pedia a abertura de uma nova investigação por parte da OPAQ "para estabelecer se foram usadas armas químicas em Khan Sheikhun e como foram entregues no local do suposto incidente".
Esta iniciativa ignorava a atual investigação realizada pela OPAQ sobre este ataque que deixou 87 mortos, incluindo 31 crianças, nesta pequena cidade controlada pelos rebeldes e jihadistas na província de Idlib (noroeste).
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Moscou e Teerã também pediam que os investigadores viajassem à base aérea de Shayrat, bombardeada pelos Estados Unidos após o suposto ataque químico de 4 de abril, para "verificar as acusações sobre o armazenamento de armas químicas" neste local.
Mas a intenção da Rússia era "comprometer a missão de investigação" atual, denunciou a delegação britânica.
"É inútil informar que a missão de investigação continua", acrescentou. E "o Reino Unido a apoia plenamente".
A rejeição desta proposta ocorreu um dia após a OPAQ anunciar provas "irrefutáveis" sobre a utilização de gás sarin ou de uma substância similar durante o ataque.
Analisadas por quatro laboratórios designados pela organização, as amostras extraídas de três pessoas mortas e de sete hospitalizadas "demonstram uma exposição a gás sarin ou a uma substância similar", declarou na quarta-feira Ahmet Uzumcu, diretor da OPAQ.
Emanação de Sarin
"Se realmente tivesse existido gás sarin em Khan Sheikhun, então como a OPAQ pode explicar que os impostores dos capacetes brancos (socorristas na zona rebelde) andassem entre as emanações de sarin sem equipamento de proteção?", perguntou nesta quinta-feira o porta-voz do ministro da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Igualmente, o porta-voz exigiu uma "investigação objetiva do incidente no local", denunciando que "nem um único representante da OPAQ se dirigiu ao local em duas semanas".
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Uzumcu informou na quarta-feira que uma missão de controle estava pronta para ser implantada na cidade "se a situação em termos de segurança permitir".
Os ocidentais acusaram o regime sírio de ter realizado o bombardeio aéreo contra Khan Sheikhun. Acusações que o presidente sírio, Bashar al-Assad, classificou de invenção.
Este pedido reavivou as tensões no Conselho Executivo da OPAQ, nesta semana em Haia, onde muitos Estados expressaram seu apoio à equipe de investigação atual.
O projeto de texto de Rússia e Irã também convidava os Estados membros a "fornecer especialistas nacionais para participar da investigação".
Moscou tinha a intenção, assim, de propor os seus próprios especialistas junto às equipes independentes da OPAQ, em uma tentativa que pretende "desacreditar os resultados" alcançados até agora, enfatizou à AFP uma fonte próxima às discussões.
A Rússia impôs na semana passada seu veto a um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava o suposto ataque químico e pedia que o governo sírio cooperasse com uma investigação. Este é o oitavo veto de Moscou em apoio ao seu aliado de Damasco.