A oposição venezuelana realiza nesta segunda-feira (24) uma mobilização na qual milhares de seus seguidores bloqueiam vias importantes do país, para manter a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro.
Sentados ou em pé nas ruas, os manifestantes, muitos dos quais vestidos de branco e com bandeiras nacionais, ocupavam a estratégica estrada Francisco Fajardo, no leste de Caracas, e outras vias nas capitais dos estados de Zulia, Mérida, Lara, Anzoátegui e Bolívar.
Em quase um mês de protestos, 21 pessoas morreram pela violência.
A oposição exige eleições gerais e respeito à autonomia do Parlamento, único poder público que controla, e garante que seguirá nas ruas até conseguir "restituir o marco constitucional".
"Os protestos pacíficos vão continuar até que o senhor Maduro respeite a Constituição e encerre seu autogolpe. Se não houver resposta da corrupta cúpula madurista, ao final do dia de hoje anunciaremos as próximas ações", alertou o líder opositor Henrique Capriles.
"A Venezuela se ergue contra a ditadura. Se não permitirem que nos dirijamos às instituições, fazermos esta ação para aumentar a pressão. Não vamos nos render", disse o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara.
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Lilian Tintori, esposa do opositor radical Leopoldo López, decidiu adiantar a mobilização com uma vigília diante da prisão de Ramo Verde, onde seu marido está detido, como protesto porque as autoridades não permitiram que ela o visitasse em um mês, declarou.
A maioria das manifestações deste mês terminaram em distúrbios e confrontos com as forças de segurança, que as dispersam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, e alguns dias acabaram em fortes distúrbios e saques durante a noite.
O governo e a oposição se responsabilizaram mutuamente pelos incidentes de violência que deixam, além dos 21 mortos, centenas de detidos e feridos, e vários comércios saqueados.
Eleições já
Maduro disse no domingo que deseja "eleições já".
"Eleições, sim, quero eleições já. É o que eu digo, como chefe de Estado, como chefe de governo", lançou o presidente em seu programa dominical, ao se referir às eleições regionais.
Há duas semanas, Maduro já havia dito estar "ansioso" pela convocação das eleições de governadores, que deveriam ter sido realizadas em dezembro, e de prefeitos, previstas para este ano.
"Com o fracasso que tiveram na Assembleia Nacional, estou certo de que o nosso povo vai entregar a conta em qualquer eleição que vier, e vamos ter uma nova e boa vitória", insistiu o presidente.
Segundo as pesquisas mais recentes, Maduro conta com uma rejeição de cerca de 70%.
Depois de suspender um processo para revogar o mandato do governo atual em um referendo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) adiou as eleições regionais para iniciar um processo de legalização dos partidos que não haviam participado da última disputa nas urnas.
"Estou pronto para o que o Poder Eleitoral disser", garantiu Maduro, que chegou ao poder em 2013, após derrotar Henrique Capriles por uma margem apertada.
Maduro voltou a convidar a oposição a retomar o processo de diálogo, congelado desde o ano passado, depois que a oposição acusou o governo de não cumprir os acordos.
"Estou pronto para mostrar que cumprimos e, se não tivermos cumprido, cumprir", indicou.
"E, daqui, peço ao papa Francisco que continue nos acompanhando no diálogo, porque há uma conspiração em Roma contra o diálogo na Venezuela, e aqui também", acrescentou.