Um militar alemão destacado na França, que se passava por um refugiado sírio, foi detido pela polícia francesa, suspeito de preparar um ataque contra estrangeiros, informou nesta quinta-feira a Procuradoria.
O soldado foi preso na quarta-feira, junto com um estudante alemão de 24 anos, por suspeita de "envolvimento nos preparativos de um possível atentado", informou a fonte em um comunicado.
O principal suspeito é um tenente de 28 anos de Bundeswehr destacado na base franco-alemã de Illkirch, na periferia de Estrasburgo (leste).
Os investigadores não informaram os possíveis alvos do militar e de seu suposto cúmplice.
A Procuradoria informou que o tenente alemão expressou "convicções xenofóbicas", o que poderia indicar um possível projeto de ataque contra estrangeiros. Mas a imprensa alemã também cita a possibilidade de o suspeito querer atacar outro alvo, passando-se por refugiado.
O homem foi identificado no final de janeiro no aeroporto de Viena, na Áustria, após recuperar no encanamento de um banheiro um revólver que ele não tinha licença para portar.
O incidente marcou a abertura de uma investigação na Áustria por "violação da legislação sobre armas".
Após este caso, os investigadores alemães descobriram que o suspeito havia se registrado na Alemanha como um refugiado sírio em dezembro de 2015. O homem se apresentou às autoridades falando francês e conseguiu esconder a sua nacionalidade alemã, segundo o jornal Die Welt.
O seu pedido de asilo foi aprovado em janeiro de 2016, o que permitiu que tivesse acesso à habitação e assistência social. Aparentemente, durante todo esse tempo, ele conseguiu ir ao seu quartel-general na França e retornar ao abrigo de migrantes em Hesse, no centro da Alemanha, sem ser detectado.
"Ele organizou tudo isso paralelamente, uma espécie de vida dupla", declarou à imprensa uma porta-voz da Procuradoria, Nadja Niesen, que reconheceu nunca ter visto um caso semelhante.
"Nós sabemos, a partir de mensagens de voz gravadas, que os dois suspeitos são racistas", disse Niesen.
O jornal Die Welt indicou que o soldado poderia tentar realizar um ataque com a arma encontrada em Viena, sobre a qual teria deixado impressões digitais, a fim de levar os investigadores a seguir a pista do refugiado pelo qual se passou.
O objetivo seria, de acordo com o jornal, "descreditar" os imigrantes. Uma hipótese compartilhada por uma líder do Partido Verde alemão, Irene Mihalic.
"Devemos a todo custo verificar se a extrema-direita não está planejando ataques com a intenção de jogar a responsabilidade para os refugiados", disse ela.
A Alemanha abriu suas portas desde 2015 para mais de 1,5 milhão de refugiados, principalmente da Síria, Iraque e Afeganistão.
Em outro caso recente, um cidadão russo-alemão é suspeito de ter atacado com explosivos em meados de abril o ônibus com jogadores da equipe de futebol Borussia Dortmund, tentando jogar a culpa sobre os islâmicos. Ele deixou uma carta em louvor ao grupo Estado Islâmico.