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Os 100 primeiros dias de Trump: a descoberta caótica do poder

No próximo sábado (29), Donald Trump completa 100 dias no comando da maior potência mundial

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Publicado em 27/04/2017 às 9:59
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No próximo sábado (29), Donald Trump completa 100 dias no comando da maior potência mundial - FOTO: AFP
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Dos estrondosos tropeços no Congresso até as súbitas e inesperadas mudanças de política, Donald Trump claramente se viu enfrentando uma difícil aprendizagem em seus primeiros meses na Casa Branca. E embora o novo presidente americano tenha mostrado sua capacidade de mudar tanto o tom, como suas opiniões, até agora encontrou enormes dificuldades de transmitir uma visão global articulada.

Dessa forma, o presidente que prometeu aos americanos que, com sua chegada à Casa Branca, eles se "cansarão de vencer", alcança a simbólica marca de 100 dias no cargo no sábado (29) com a necessidade de enfrentar a dura realidade do exercício de poder. Ao se aproximar da marca dos 100 dias, Trump já é o mais impopular presidente americano da história moderna.

O empresário de 70 anos, cuja eleição provocou ondas de preocupação em todo o mundo, ainda se apega ao estilo imprevisível e à retórica arrasadora que marcou sua campanha eleitoral. E embora o outrora aspirante tenha prometido "drenar o pântano", em uma referência à burocracia enquistada em Washington, não teve outra saída a não ser reconhecer que tem um dos empregos mais difíceis do mundo.

Se durante a campanha foi aclamado ao propor eliminar o sistema de seguro saúde herdado de Barack Obama, poucas semanas após se instalar na Casa Branca teve que admitir: "ninguém pensava que a saúde médica fosse um tema tão complicado". Mais recentemente, recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, com quem pretendia discutir a situação na Coreia do Norte, mas que rapidamente percebeu a complexidade do assunto: "depois de escutá-lo por 10 minutos, me dei conta de que não é tão simples", disse.

"Sou flexível"

Todos os ex-presidentes já lhe disseram: morar na Casa Branca, situada na Avenida Pensilvânia, nº 1600, é um golpe que faz todo o sistema se reacomodar. "Há algo único neste emprego que todo presidente enfrenta: quando uma coisa chega, as pressões do trabalho e a realidade do mundo se mostram diferentes do que você pensava", disse recentemente o ex-presidente George W. Bush.

Trump não escapou deste processo e talvez seja o único que mantenha seu hábito de publicar inúmeras mensagens no Twitter, muitas delas inspiradas na emissora ultraconservadora Fox News. Para Trump - que chegou à Presidência dos Estados Unidos sem nunca ter ocupado um cargo político e sem ter qualquer experiência política ou militar -, a abordagem de estar aberto à evolução parece funcionar.

"Eu mudo e sou flexível, sinto orgulho da minha flexibilidade", disse pouco antes de autorizar o lançamento de 59 mísseis contra a Síria. Isso é tão evidente que até o jornal Washington Post, geralmente muito crítico sobre o novo presidente, publicou um editorial em que saudou que Trump tenha mudado de posição em temas fundamentais para o país, como as relações com a China, a Rússia e as nações da Otan. "Quando um presidente deixa de estar completamente equivocado para estar absolutamente certo sobre temas tão importantes, a resposta adequada não é zombar, mas comemorar, ainda que seja com cautela", publicou o jornal.

 O 'Trumpismo'

A forma e o estilo assinalam que Trump é um presidente diferente de todos os que o antecederam. Em uma surpreendente entrevista dada em março à revista Time, em que defendeu suas excêntricas declarações, não teve problemas em afirmar: "O que posso dizer? Tenho o costume de ter razão".

Com três meses na Casa Branca, muitos de seus críticos consideram que um perfil de Trump elaborado pelo escritor Philip Roth para a revista The New Yorker em janeiro era adequado e justo. Nesse artigo, Roth descreveu Trump como um presidente "ignorante no que se refere ao governo, à história, à filosofia, à arte, incapaz de expressar ou reconhecer sutilezas... e dono de um vocabulário de 77 palavras".

Isto deu lugar ao que se chama de "Trumpismo", a capacidade de se comunicar com simples frases. Entre as conquistas de seus 100 primeiros dias de governo, destaca-se a nomeação bem-sucedida do juiz federal Neil Gorsuch para ocupar o posto vago na Suprema Corte, uma nomeação que definiu o perfil deste tribunal.

Entretanto, Trump se referiu à marca dos 100 dias de governo como um "padrão ridículo", ainda que fontes de sua equipe concordem em assinalar que se trata de um indicador importante sobre a vitalidade da nova administração.

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