Nigéria

82 nigerianas libertadas do Boko Haram são recebidas por presidente

Adolescentes fazem parte do grupo de 276 estudantes sequestradas em seu colégio pelos extremistas em abril de 2014

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Publicado em 07/05/2017 às 20:02
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Adolescentes fazem parte do grupo de 276 estudantes sequestradas em seu colégio pelos extremistas em abril de 2014 - FOTO: SUNDAY AGHAEZE / PGDBA&HND MASS COMMUNICATION / AFP
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O presidente da Nigéria, Muhamadu Buhari, recebeu neste domingo em Abuja 82 estudantes nigerianas de Chibok, libertadas no sábado após mais de três anos de cativeiro nas mãos do grupo extremista islâmico Boko Haram.

As jovens chegaram à residência presidencial às 19H00 (15H00 de Brasília) em ônibus do exército, comprovou um jornalista da AFP.

As adolescentes fazem parte do grupo de 276 estudantes sequestradas em seu colégio pelos extremistas em abril de 2014.

Divulgado pelos jornais do mundo inteiro, esse sequestro maciço provocou uma onda de indignação, à qual muitas celebridades do mundo todo aderiram nas redes sociais com a hashtag #bringbackourgirls (Devolvam nossas meninas).

A libertação das estudantes é uma grande vitória política para Buhari, que fez deste assunto e da luta contra o Boko Haram prioridades do seu mandato.

Doente e debilitado, o presidente não compareceu a nenhum conselho de ministros no último mês, o que gerou dúvidas sobre sua capacidade de governar o país.

As 82 estudantes libertadas no sábado foram trocadas por membros do Boko Haram presos, segundo a presidência. Ainda restam 113 estudantes de Chibok nas mãos do grupo radical.

Não foi divulgada nenhuma informação sobre os combatentes trocados, mas segundo alguns especialistas do movimento, trata-se de comandantes da facção dirigida por Abubakar Shekau, que afirma ter as estudantes sequestradas.

A Anistia Internacional pediu no domingo às autoridades nigerianas que dessem um apoio psicológico adequado às jovens libertadas, em vez da tradicional investigação militar.

"Parece que estão bem, mas muito magras", indicou à AFP o membro de uma milícia de autodefesa de Banki sobre as meninas, uma das quais estava, de acordo com ele, acompanhada por uma criança com menos de dois anos.

'Amputadas'

Duas delas foram amputadas. Uma de uma perna depois de um bombardeio do exército nigeriano contra postos do Boko Haram, e outra de uma mão por causa de um ferimento infectado durante o cativeiro, explicou a mesma fonte à AFP.

Em outubro de 2016, 21 jovens de Chibok foram libertadas. Algumas delas deram à luz no cativeiro, após negociações entre Boko Haram e o governo, com a ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) e da Suíça.

Novamente, o CICV forneceu importante apoio logístico para a libertação deste sábado, segundo testemunhos obtidos pela AFP.

"Novos veículos do CICR chegaram a Banki na sexta-feira à noite", contou uma fonte militar baseada nesta localidade próxima à fronteira com Camarões. "Depois, saíram em direção à floresta sem escolta e trouxeram as meninas às 17H30 (13H30 de Brasília) a Banki".

As jovens passaram a noite em barracas militares de Banki, antes de sair em direção a Maiduguri, a capital do Estado de Borno, às 06H00 de domingo. Lá, pegaram um avião para Abuja, a capital federal.

Das 276 adolescentes - então com entre 12 e 17 anos - sequestradas em 2014, 57 conseguiram escapar dos islamitas pouco depois do rapto, e três outras foram encontradas perto da floresta de Sambisa, reduto da facção do Boko Haram dirigida por Shekau.

As meninas de Chibok se tornaram um símbolo das milhares de pessoas que continuam detidas pelo Boko Haram, que utiliza os sequestros em massa para recrutar combatentes.

O acesso ao nordeste do país, imenso território fronteiriço com Chade, Camarões e Níger, continua sendo extremamente difícil.

Embora o Boko Haram já não controle grandes áreas desse território, os ataques e os sequestros são diários.

"O Boko Haram continua sequestrando mulheres, meninas, e também meninos jovens e crianças, fazendo-os passar pelos piores suplícios: são estuprados, espancados e forçados a cometer atentados suicidas", denunciou recentemente Makmid Kamara, representante da Anistia Internacional para a Nigéria.

Em oito anos, a insurreição islamita deixou mais de 20 mil mortos e 2,6 milhões de deslocados.

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