A demissão surpresa do então diretor do FBI, James Comey, pelo presidente Donald Trump provocou uma tormenta política, devido à investigação da Polícia Federal sobre as denúncias de vínculos entre a Rússia e o entorno do magnata.
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Confira abaixo os principais atores dessa trama:
A Casa Branca
Trump insiste em que as acusações de complô com a Rússia são "um engano total" e que as investigações do FBI e do Congresso são "uma farsa às custas do contribuinte".
Sobre as razões da demissão de Comey, o Executivo tem criado confusão com explicações que mudam e são contraditórias. O vice-presidente Mike Pence e os porta-vozes da Casa Branca asseguram que sua demissão não tem nada a ver com a investigação em curso sobre os contatos com a Rússia.
Em entrevista à rede NBC, na quinta-feira (11), o presidente americano acabou desmentindo sua equipe.
"De fato, quando me decidi, disse: 'este assunto com a Rússia, Trump e Rússia, é uma história inventada'", contou Trump, dando a entender que a investigação o levou a tomar a decisão.
O FBI
Em março, James Comey confirmou em testemunho no Congresso a existência de uma investigação lançada pelo FBI em julho de 2016 sobre uma eventual "coordenação" entre membros da equipe de campanha de Trump e Moscou.
O episódio irritou Trump, que perguntou diretamente a Comey por três vezes, duas pelo telefone e outra durante um jantar, se ele mesmo era objeto dessa investigação. Uma pergunta que pode ser interpretada como uma tentativa de pressão sobre o diretor do FBI e que expõe o presidente a acusações por "obstrução da Justiça".
Na quinta (11), o diretor interino do FBI, Andrew McCabe, assegurou perante uma comissão do Senado que a investigação sobre a ingerência russa na campanha eleitoral seguia seu fluxo normalmente, apesar da demissão de Comey, cujo mandato seguiria até 2023.
"O trabalho do FBI continua, apesar das mudanças nas circunstâncias", garantiu McCabe.
O Departamento de Justiça
O secretário americano de Justiça, Jeff Sessions, que supervisiona o FBI, afastou-se dessa investigação, depois de ser acusado de mentir sob juramento a respeito dos contatos com o embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak, durante a campanha.
Seu número dois, Rod Rosenstein, tem um papel central, após o fortalecimento de sua autoridade para acompanhar e supervisionar a investigação do FBI.
Sessions é fortemente criticado pelos democratas, que pedem sua renúncia por ter influenciado o caso. Ele teria recomendado a Trump e a Rod Rosenstein que demitisse James Comey, oficialmente, por sua má gestão no caso dos e-mails de Hillary Clinton durante a campanha eleitoral.
O Congresso
As comissões de Inteligência da Câmara e do Senado conduzem investigações sobre a ingerência da Rússia na eleição americana. O presidente dessa comissão no Senado, o republicano Richard Burr, manifestou seu mal-estar com a demissão de Comey, a quem convidou para uma conversa a portas fechadas na terça-feira.
Na quarta (10), a comissão também emitiu um pedido para obter documentos de Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump. O presidente se viu, então, obrigado lhe pedir que renunciasse, depois de apenas 18 dias no cargo, por não ter revelado seus contatos com o embaixador russo.
Os democratas pedem a nomeação de um procurador especial independente para levar adiante a investigação que atinge a política americana. A Casa Branca e os líderes republicanos já rejeitaram o pedido.
A equipe de Trump
As suspeitas de conluio apontam para vários membros da equipe eleitoral de Trump, em particular seu antigo chefe de campanha Paul Manafort e para os ex-conselheiros Carter Page e Michael Flynn.
Rússia
O embaixador em Washington se encontra no centro dessa tempestade política por seus repetidos contatos com pessoas próximas a Trump. As agências de Inteligência americanas acusam a Rússia de estar por trás do ciberataque aos e-mails do Partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton. As acusações são negadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, para quem Trump expressou o desejo de iniciar uma aproximação.
As agências de Inteligência
Os chefes da Inteligência americana, incluindo Comey, expressaram para Trump, logo depois de sua vitória em novembro, sua convicção de que a Rússia teria tentado interferir na campanha presidencial para favorecer sua candidatura em detrimento da de Hillary. O presidente sempre negou que isso tenha acontecido.