Bilhões de computadores voltarão a ser utilizados nesta segunda-feira (15), o que provoca o temor de um retorno dos ciberataques como o de sexta-feira (12) passada, que afetou 200.000 usuários em pelo menos 150 países.
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O temor era maior na Ásia, onde na sexta-feira, no horário do ataque, a atividade econômica já havia encerrado o horário comercial.
Centenas de milhares de computadores chineses, em 30.000 instituições, incluindo ministérios, hospitais, universidades e caixas eletrônicos, foram infectados pelo vírus, constatou no domingo à noite a empresa de segurança virtual chinesa Qihoo 360.
A imprensa estatal da China, que citou fontes do governo, indicou que o ciberataque continuava nesta segunda-feira, mas a um ritmo menor.
O secretário de Estado de Segurança da Grã-Bretanha, afirmou nesta segunda-feira à rádio BBC que o governo não sabia se os ataques "diminuiriam ou estabilizariam", ao mesmo tempo que manifestou a esperança de que os hospitais do país, particularmente afetados, possam voltar à normalidade após os trabalhos realizados no fim de semana.
Centenas de milhares de computadores em todo o planeta, sobretudo na Europa, estão infectados desde sexta-feira por um vírus do tipo "ransomware" ('ransom', resgate em inglês, e 'ware' por 'software', programa de informática) que explora uma falha nos sistemas operacionais Windows, conhecido e explorado pelos serviços de espionagem americanos e que se tornou conhecido quando foram publicados documentos secretos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA.
O vírus, chamado "Wannacry", bloqueia arquivos dos usuários e exige o pagamento de uma quantia em bitcoins, a moeda virtual, difícil de rastrear, caso desejem recuperar o acesso.
Um ataque sem precedentes
"Nunca havíamos visto nada assim", admitiu no domingo o diretor da Europol, Rob Wainwright, em uma entrevista ao canal britânico ITV.
Ele também disse temer o aumento do número de afetados quando as pessoas ligarem os computadores nesta segunda-feira, na volta ao trabalho.
A Microsoft advertiu no domingo os governos a respeito do acúmulo de vulnerabilidades em computadores.
"Os governos do mundo devem tratar este ataque como um alerta", escreveu o presidente e diretor jurídico da Microsoft, Brad Smith, em um blog.
Smith alertou para o perigo de que documentos com informações sensíveis de governos - como a lista da NSA nos Estados Unidos - acabem caindo nas mãos de hackers e provoquem danos generalizados, como está acontecendo com o atual ataque.
"Um cenário equivalente com armas convencionais seria o exército dos EUA terem seus mísseis Tomahawk roubados", comparou Smith.
A falha de segurança se concentra no sistema operacional Microsoft Windows XP, uma versão antiga que já não recebia suporte técnico da empresa americana.
O vírus se propagou rapidamente porque os responsáveis pelo ataque usaram um código digital que, ao que parece, teria sido desenvolvido pela NSA e foi vazado por documentos alvos de hackers, segundo a empresa de segurança virtual Kaspersky Lab, que tem sede em Moscou.
Diante da magnitude do ciberataque, a Microsoft reativou uma atualização em grande escala para ajudar os usuários das versões do Windows que não contavam mais com suporte técnico da empresa.
Smith argumentou que os governos deveriam aplicar no ciberespaços regras como as que vigoram para as armas no mundo físico.