O departamento americano de Justiça nomeou nesta quarta-feira um investigador especial para analisar as supostas relações entre a campanha presidencial de Donald Trump e a Rússia, em um ambiente de crescente crise política.
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O procurador-geral interino, Rod Rosenstein, determinou que "é de interesse público que exerça minha autoridade e indique um investigador especial para assumir a responsabilidade neste caso", segundo nota oficial.
Para se colocar à frente destas investigações, Rosenstein escolheu o advogado Robert Mueller, de 72 anos, que foi diretor do FBI entre 2001 e 2013, e em sua juventude recebeu três altas condecorações por ações de combate no Vietnã.
A nomeação de Mueller ocorre após numerosos legisladores do partido democrata exigirem do Departamento de Justiça a indicação de um investigador especial para o caso.
Estas investigações se concentram nas suspeitas de ingerência da Rússia nas eleições presidenciais do ano passado para favorecer Trump, e a eventual colusão de seu comitê de campanha com estes esforços.
Desde sua posse, em 20 de janeiro, Trump busca desesperadamente colocar um ponto final na polêmica por suas eventuais relações com a Rússia durante a campanha, mas desde então o problema não parou de crescer.
No último capítulo da interminável crise, permanece sobre o presidente a suspeita de ter tentado pressionar em fevereiro o FBI para acabar com esta mesma investigação, um gesto que, se confirmado, constituiria obstrução da justiça.
"Tratado injustamente"
Nesta quarta-feira, Trump fez um discurso na formatura de cadetes da Guarda Costeira, e embora tenha evitado fazer referência à avalanche de denúncias, disse que é tratado "injustamente".
"Olhem a forma como fui tratado recentemente, especialmente pela imprensa. Nenhum político na história - e digo isso com grande segurança - foi tratado pior, ou mais injustamente", disse o presidente.
A mais recente e explosiva polêmica que envolve a Casa Branca explodiu na terça-feira, quando o jornal The New York Times assegurou ter um memorando interno escrito pelo ex-diretor do FBI James Comey depois de uma conversa com Trump.
De acordo com este memorando, Trump sugeriu a Comey que o FBI abandonasse uma investigação realizada sobre o conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn e suas relações com funcionários russos, um fato que lhe custou a demissão.
Em 9 de maio, Trump demitiu James Comey e lhe advertiu pelo Twitter para que se mantivesse em silêncio, sugerindo possuir gravações de todas as suas conversas na Casa Branca.
Em meio ao clima de desconfiança generalizada, a pressão se concentrava no Congresso nesta quarta-feira, e especialmente na bancada do Partido Republicano, que até agora se mantém em silêncio.
O Senado convida Comey
O presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, convocou uma coletiva onde alegou que o Poder Legislativo tem que se concentrar em fazer o seu trabalho.
O Congresso não deve "se concentrar em especulações (...) e aqui há claramente política em jogo. Nosso papel é nos concentrarmos nos fatos", disse. "Seguiremos os fatos a qualquer lugar que nos conduzam", acrescentou o legislador republicano em uma coletiva de imprensa.
Além disso, o titular da comissão de Supervisão da Câmara Baixa, o republicano Jason Chaffetz, já solicitou formalmente ao FBI que envie ao Congresso o memorando que, segundo o New York Times, foi redigido por Comey.
A comissão de Assuntos de Inteligência no Senado enviou nesta quarta-feira a Comey uma carta convidando-o para uma audiência pública e outra privada para que testemunhe sobre o ocorrido.
Na terça-feira, Comey rejeitou um convite para falar em uma sessão a portas fechadas.
O vice-diretor dessa comissão, o democrata Mark Warner, disse nesta quarta-feira que "é difícil, para um legislador de qualquer partido, não se dar conta de que essa investigação é o assunto mais sério que temos nas mãos até o momento".
No entanto, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que "o que vi foi uma quantidade de rumores e estou esperando ver evidências e provas, e creio que isso seja o que todos querem ver, se há algo ali, mostrem".
Segundo a Casa Branca, Trump entrevistará quatro pessoas para ocupar o cargo de diretor do FBI. Um deles é o atual diretor interino, Andrew McCabe, e a lista inclui também o ex-senador democrata Joe Lieberman.