O presidente iraniano, Hassan Rohani, foi reeleito para um segundo mandato de quatro anos com 57% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais, uma vitória que deixa o caminho livre para prosseguir com sua política de abertura do país.
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O candidato conservador Ebrahim Raisi obteve 38,3% dos votos.
"O presidente Hassan Rohani foi eleito presidente da República com 23,5 milhões de votos, 57% dos votos", anunciou o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, na televisão estatal.
O canal estatal Irib informou ainda que 41,2 milhões de iranianos compareceram às urnas, uma taxa de participação de 73%.
O resultado de Rohani é melhor do que o da eleição de 2013, quando recebeu 18,6 milhões de votos (50,7%) entre os 36 milhões de eleitores.
Em pronunciamento transmitido pela televisão após o anúncio do resultado eleitoral, Rohani afirmou que "o povo iraniano quer viver em paz e em amizade com o resto do mundo, mas não aceita a ameaça e a humilhação".
Com seu voto, "nosso povo declarou aos países vizinhos e à toda região que a via para instaurar a segurança é o reforço da democracia, e não se apoiar em potências estrangeiras", acrescentou.
Em Teerã, milhares de pessoas se reuniram em vários lugares no fim da tarde para comemorar o resultado. Em sua maioria, eram jovens, moças e rapazes misturados, que se diziam "felizes" com a vitória de Rohani.
"Obrigado, Irã", "Longa vida a Rohani", gritavam, com entusiasmo.
O presidente, que durante a campanha eleitoral pediu o voto aos iranianos para continuar com as reformas internas e também com sua política de abertura internacional, terá agora o caminho livre para dar continuidade a seu trabalho.
Sua política de abertura teve início com o acordo histórico entre o Irã e as grandes potências de julho de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.
Os outros dois candidatos que participaram das eleições receberam menos de 5% dos votos em conjunto.
A emissora oficial Irib, que tem seu diretor nomeado pelo guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, felicitou o presidente por sua reeleição, antes mesmo do anúncio dos resultados definitivos.
Também antes do anúncio oficial, vários líderes conservadores reconheceram a vitória de Rohani.
"Os primeiros resultados mostram que o senhor Rohani é o vencedor, e precisamos felicitá-lo", escreveu no Telegram Alireza Zakani, ex-deputado conservador e que atuou vigorosamente na campanha contra a reeleição do presidente.
O primeiro vice-presidente de Rohani, o reformista Es-Hagh Jahanguiri, que retirou seu nome da disputa presidencial e pediu votos para o atual governante, comemorou no Twitter a "grande vitória da nação iraniana".
Na sexta-feira, os iranianos compareceram em peso para votar, e longas filas foram registradas na capital, Teerã, e em sua província.
Diante do grande fluxo, a votação foi prorrogada por seis horas e acabou apenas à meia-noite.
Ampliar a abertura internacional
Rohani, de 68 anos, disputou o segundo mandato de quatro anos contra Ebrahim Raisi, um religioso de 56 anos próximo ao guia supremo iraniano.
Eleito em 2013, Hassan Rohani dedicou a maior parte de seu primeiro mandato à negociação do acordo com seis grandes potências, incluindo os Estados Unidos, inimigo do Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.
Em troca da suspensão parcial das sanções internacionais que afetam o Irã há quase dez anos, Teerã se comprometeu a limitar seu programa nuclear a fins estritamente civis.
O acordo não atraiu, porém, tantos investidores estrangeiros como se imaginava e não teve impacto na vida cotidiana dos iranianos, afetados por um índice de desemprego de 12,5% da população ativa e que chega a 27% entre os jovens.
Ainda assim, o acordo permitiu ao Irã voltar ao cenário internacional, uma política de abertura que Rohani pretende continuar aplicando.
Apesar da intenção, o presidente não é o único a tomar decisões nessa área. Ele precisa do aval do aiatolá Ali Khamenei, assim como do Poder Judiciário e, em alguns casos, da Guarda Revolucionária - o Exército de elite iraniano.
As eleições aconteceram dois dias depois da decisão dos Estados Unidos de renovar a limitação das sanções contra o Irã, segundo o acordo nuclear de 2015.
A desconfiança entre Teerã e Washington persiste, contudo, e o governo americano mantém sanções relacionadas com o programa de mísseis balísticos iraniano.
O presidente americano, Donald Trump, hostil em relação ao Irã, iniciou sua primeira viagem ao exterior pela Arábia Saudita, grande rival regional do Irã.
De Riad, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, voltou a acusar Teerã de apoiar o "terrorismo".
"Espero que Rohani (...) ponha em marcha um processo de desmantelamento do financiamento da rede terrorista do Irã" e que "ponha fim aos testes de mísseis balísticos", declarou Tillerson, que acompanha Trump.
Ainda segundo o secretário, os megacontratos de defesa assinados entre EUA e Arábia Saudita, anunciados durante essa visita, têm como objetivo equilibrar a "maligna influência iraniana" na região.