Investigação

Peru quer extradição de ex-presidente que recebeu propina da Odebrecht

O ex-governante tem duas ordens de prisão: uma pelo caso Odebrecht e outra, expedida em abril, pela acusação de lavagem de dinheiro no caso Ecoteva

Agência Brasil
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Publicado em 24/05/2017 às 18:59
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O ex-governante tem duas ordens de prisão: uma pelo caso Odebrecht e outra, expedida em abril, pela acusação de lavagem de dinheiro no caso Ecoteva - FOTO: Foto: AFP
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As autoridades do Peru ratificaram nesta quarta-feira (24), o pedido de extradição, feito a autoridades dos Estados Unidos, do ex-presidente Alejandro Toledo, acusado de ter recebido propinas da construtora Odebrecht. E esclareceram que é preciso esperar os prazos estabelecidos pela Justiça dos EUA para que seja determinada sua eventual detenção. A informação é da agência Efe.

"Há dois pedidos de prisão [contra Toledo]: um com código processual e outro com código de procedimentos. Esperemos que se acumulem ambos os processos e, a partir daí, será preciso apresentar aos Estados Unidos a nova situação", afirmou a ministra peruana da Justiça, María Soledad Pérez Tello, em entrevista ao jornal Perú21.

Alejandro Toledo participou nessa terça (23) de um fórum promovido pela World Development Foundation e pela missão do Suriname nas Nações Unidas, em Nova York, e hoje participou como palestrante no mesmo evento, o que gerou protestos do governo peruano e de representantes de partidos políticos.

Em função disso, o Ministério das Relações Exteriores do Peru enviou uma nota de protesto à missão do Suriname na ONU por ter convidado Toledo, apesar do mesmo contar com uma ordem de captura internacional.

Duas ordens

O ex-governante tem duas ordens de prisão: uma pelo caso Odebrecht e outra, expedida em abril, pela acusação de lavagem de dinheiro no caso Ecoteva, nome da empresa em nome de sua sogra,  com a qual realizou milionárias compras imobiliárias no Peru após deixar a presidência.

A ministra acrescentou, a respeito, que é digno de "vergonha e indignação" o fato de um ex-presidente "fugir da justiça" e disse que Toledo "mostrou que não está à altura das circunstâncias".

"Acredito que ele deveria estar aqui, não deveria temer nada se acredita que não cometeu nenhum crim. Acredito que é uma falta de respeito com o país o fato de um ex-presidente estar na lista dos mais procurados, utilizando sua conta do Facebook para se defender", disse María Soledad .

O ministro do Interior, Carlos Basombrío, também considerou a atitude de Toledo como "ofensiva para o país" e manifestou sua expectativa de que as solicitações judiciais apresentadas nos Estados Unidos sejam aceitas o mais rápido possível.

"Espero que o processo que os juízes e procuradores (peruanos) iniciaram nos EUA seja rápido, espero que a pessoa à qual a senhora se refere tenha que enfrentar a justiça como qualquer outro cidadão peruano. O que vimos ontem é bastante ofensivo para o país", declarou ela a jornalistas.

Basombrío reiterou que a captura de Toledo com fins de extradição "é um tema que depende exclusivamente dos mecanismos judiciais dos Estados Unidos".

Estrada Interoceânica

Em fevereiro, um juiz expediu uma ordem de detenção preventiva por 18 meses contra Toledo, por supostamente receber uma propina de US$ 20 milhões para dar a concessão da Estrada Interoceânica à Odebrecht em 2014.

As investigações dos pagamentos irregulares realizados pela Odebrecht no Peru se centram em investigar o rastro de US$ 29 milhões que a companhia brasileira admitiu à Justiça dos Estados Unidos ter pago a funcionários peruanos entre 2005 e 2014.

Esse periodo abrange os mandatos presidenciais de Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

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