ALABAMA

Americano é executado depois de evitar a pena de morte sete vezes

Thomas Arthur era conhecido como o ''Houdini da morte'', referência ao mágico que conseguia escapar de todas as jaulas e celas ao se livrar das algemas

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Publicado em 26/05/2017 às 8:33
Foto: HANDOUT / ALABAMA DEPARTMENT OF CORRECTIONS / AFP
Thomas Arthur era conhecido como o ''Houdini da morte'', referência ao mágico que conseguia escapar de todas as jaulas e celas ao se livrar das algemas - FOTO: Foto: HANDOUT / ALABAMA DEPARTMENT OF CORRECTIONS / AFP
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Condenado à morte por assassinato, o americano Thomas Arthur foi executado na quinta-feira (25) à noite em uma penitenciária do estado do Alabama depois de ter evitado a aplicação da pena em sete oportunidades.

Os esforços prolongados de Thomas Arthur Thomas Arthur para escapar da justiça finalmente chegaram ao fim", afirmou em um comunicado o procurador-geral Steve Marshall.

O detento recebeu uma injeção letal antes da meia-noite neste estado do sul conservador, um final que conseguira adiar sete vezes com suspensões inesperadas. 

Arthur, 75 anos, era conhecido como o "Houdini da morte", uma referência ao mágico que conseguia escapar de todas as jaulas e celas ao se livrar das algemas.

A odisseia judicial de mais de três décadas de Thomas Arthur, mais conhecido como Tommy Arthur, terminou na quinta-feira à noite após a batalha final na Suprema Corte.

Os advogados do condenado solicitaram permissão para que as testemunhas da execução permanecessem com seus telefones celulares, para a eventualidade de algo sair errado, mas o tribunal rejeitou o pedido.

A juíza progressista Sonia Sotomayor expressou sua discordância. "Ao entrar esta noite na cela de execução, Thomas Arthur deixará seus direitos constitucionais na porta", escreveu.

Para os detratores, o condenado era apenas um assassino reincidente sem escrúpulos, além de um manipulador excepcional. Uma pessoa capaz de usar todas as artimanhas do Direito para escapar da justiça.

'Artista' ou 'assassino' 

"Thomas Arthur é um artista da fuga! Utilizou todas as guinadas possíveis e inimagináveis para manipular os tribunais durante mais de 34 anos", afirmou à AFP Janette Grantham, diretora da Victims of Crime and Leniency (VOCAL), uma associação de defesa das vítimas de criminosos.

Arthur não negava que matou a meia-irmã em 1977, um homicídio que segundo ele foi provocado por um acidente, que dizia estar bêbado no momento. Mas não foi por este crime que ele foi condenado.

Cinco anos mais tarde, quando estava em liberdade condicional, Tommy Arthur foi acusado de matar a tiros Troy Wicker. A esposa da vítima era amante de Arthur.

Ele foi considerado culpado de conspirar com Judy Wicker para assassinar seu marido, o que faria com que ela recebesse o seguro de vida. Judy foi acusada de pagar 10.000 dólares a Arthur pelo crime.

O assassinato, do qual sempre se declarou inocente, provocou a pena de morte em 1983.

Arthur passou 34 anos no corredor da morte, período em que, de acordo com o procurador-geral do Alabama, "enviou recursos judiciais sistemáticos a todos os estados e tribunais federais disponíveis".

Em 2007 foi estabelecida uma data de execução para Arthur, e novamente outra em 2007, 2008, 2012, 2015 e 2016.  

Para os opositores da pena de morte, o caso de Tommy Arthur ilustra o absurdo deste tipo de condenação, que supostamente representa um consolo para as vítimas mas cumpre um papel oposto quando elas precisam esperar mais de três décadas.

Desta maneira, afirmam, a pena de morte, supostamente com um efeito de dissuasão implacável, passa mais a impressão de arbitrariedade.

Em novembro de 2016, a execução de Tommy Arthur não aconteceu por muito pouco. A Suprema Corte de determinou a suspensão da pena a poucos minutos do horário marcado para a injeção letal.

O prisioneiro precisava de pelo menos cinco votos entre os oito juízes da corte e recebeu exatamente cinco.

O presidente do tribunal, John Roberts, reticente em concordar com a suspensão, confessou na época que por "por cortesia" votou ao lado de outros quatro colegas que desejavam uma nova análise do caso.

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