A bomba do atentado de Manchester era um potente artefato caseiro equipado com um detonador sofisticado, que dificilmente poderia ser projetado e montado apenas pelo suicida, Salman Abedi, acreditam os especialistas.
A bomba explodiu na segunda-feira (22) às 22h30 (20H30 de Brasília) em uma das entradas do Manchester Arena, no noroeste da Inglaterra, onde a cantora pop americana Ariana Grande se apresentava, causando 22 mortos e 116 feridos, segundo um balanço atualizado.
Os primeiros detalhes sobre o artefato foram divulgados pelo jornal americano New York Times, que publicou oito fotografias mostrando diferentes partes: o detonador, a bateria, os restos da mochila onde foi escondido, e parafusos e peças metálicas utilizados para aumentar os danos causados às vítimas.
"Em termos de componentes, alguns são acessíveis e fáceis de encontrar", explicou à AFP Will Geddes, proprietário da empresa de segurança ICP.
Mas "o detonador", uma peça metálica em forma de tubo, "é muito difícil de conseguir sem levantar suspeitas", estimou, considerando que tal parte dificilmente passaria por um controle de segurança em um aeroporto.
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De acordo com New York Times, o detonador continha um pequeno circuito impresso, e não um simples interruptor, como é geralmente o caso, o que sugere a existência de um mecanismo retardador ou para fazer a bomba explodir remotamente, ou ambas as coisas.
"Está claro que este mecanismo foi fornecido por terceiros", estima Will Geddes, o que se encaixa na tese da polícia da existência de uma célula extremista em torno de Abedi.
"Montar esse tipo de artefato não é fácil", acrescentou o especialista. "Quando se trata de artefatos explosivos caseiros, raramente falamos de um indivíduo isolado, mas sim de vários indivíduos".
A BBC afirmou que Abedi serviu simplesmente de "mula", transportando a bomba e fazendo com que explodisse. Também poderia existir, de acordo com o especialista, uma espécie de entidade central capaz "de fabricar ou assessorar na fabricação de bombas".
O dispositivo, escondido na mochila mostrada nas fotos, foi poderoso o suficiente para lançar o torso do suicida para longe do local da explosão, e semear a morte ao seu redor graças aos estilhaços.
De acordo com fontes dos serviços de segurança citadas pelo jornal The Independet, o explosivo continha peróxido de hidrogênio, um composto químico que faz parte do fabrico do TATP, um pó branco utilizado nos atentados de 2016 em Bruxelas.
Como pode ser fabricado com ingredientes disponíveis em lojas, o TATP "parece ser a substância favorita" dos membros do Estado Islâmico, constata Will Geddes.
Michael McCaul, presidente do comitê de segurança nacional da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, disse à Fox News que o ataque não era de "um lobo solitário com uma faca".
"Era um alvo fácil, um ataque sofisticado e premeditado, com um dispositivo explosivo muito complexo", estimou.