O julgamento de 13 soldados do Sudão do Sul, acusados pelo estupro de trabalhadoras humanitárias e pelo assassinato de um jornalista local em julho de 2016, começou nesta terça-feira em um tribunal militar em Juba, capital deste país em guerra desde 2013.
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Os crimes foram cometidos em 11 de julho de 2016 em um hotel em Juba, localizado a 1 km de uma base da ONU, durante os combates travados entre o exército leal ao presidente Salva Kiir e as forças rebeldes do ex-vice-presidente Riek Machar.
"Houve um assassinato, estupros, saques e destruição de propriedade", declarou à AFP o promotor militar, Abubaker Mohamed Ramadan.
"Foram realizadas várias investigações", acrescentou o promotor, que disse que o julgamento vai durar vários dias.
Os réus compareceram ao tribunal militar uniformizados. Quatro deles usavam uniformes correspondentes à "Divisão Tigre", a guarda republicana encarregada da segurança do presidente.
Durante os confrontos de 8 a 11 de julho de 2016 em Juba, soldados do governo, em sua maioria membros da etnia dinka do presidente Kiir, entraram no hotel Terrain, onde estavam hospedados cerca de 50 funcionários de organizações internacionais.
Os soldados mataram um jornalista "provavelmente por pertencente à etnia nuer" de Riek Machar, de acordo com a Human Rights Watch (HRW).
Também estupraram funcionárias estrangeiras e sul-sudanesas de organizações internacionais, de acordo com testemunhas.
Investigação da ONU
Uma investigação da ONU estabeleceu que os capacetes azuis estacionados perto do hotel não ajudaram as pessoas agredidas, apesar de ter recebido várias chamadas de socorro. Cerca de 13.000 soldados de paz estão implantados no Sul do Sudão.