Acordo climático

China e Europa preocupadas com o anúncio de Trump sobre o acordo climático

A tendência é que Trump retire os Estados Unidos do acordo assinado em 2015 para limitar o aquecimento global

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Publicado em 01/06/2017 às 9:30
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A tendência é que Trump retire os Estados Unidos do acordo assinado em 2015 para limitar o aquecimento global - FOTO: AFP
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China e União Europeia defenderam nesta quinta-feira (1º) com vigor o Acordo de Paris sobre o clima, horas antes de o presidente americano Donald Trump anunciar se os Estados Unidos permanecerão ou não no pacto. A imprensa americana informou que o mais provável é que o presidente Trump retire o país do acordo assinado em dezembro de 2015 para limitar o aquecimento global. 

"A China seguirá implementando as promessas que fez durante o Acordo de Paris", disse o primeiro-ministro chinês Li Keqiang em Berlim, após um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel. "Mas, certamente, esperamos contar com a cooperação dos demais", completou, em uma referência às ameaças de Trump sobre uma possível retirada do acordo.

Pequim foi, ao lado da administração americana presidida na época por Barack Obama, um dos principais artífices do acordo histórico em que 196 países se comprometeram a reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa.

Merkel, que não falou sobre Trump, cuja decisão deve ser anunciada às 19H00 GMT (16H00 de Brasília), celebrou o fato de a China "respeitar seus compromissos sobre o acordo climático". Apesar de não terem mencionado o nome, os dois governantes fizeram claras referências à postura de Trump, poucos dias depois de a chanceler alemã ter criticado Washington.

"Ambos somos partidários do livre comércio e de uma ordem mundial baseada em regras", disse Merkel, ao demonstrar sua oposição ao protecionismo e unilateralismo que Trump defende desde sua eleição. Várias autoridades da UE adotaram um tom menos diplomático com o presidente americano. 

Reações europeias 

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu a Trump que permaneça no Acordo de Paris. "Por favor, não mude o clima (político) para pior", escreveu no twitter. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, considerou inaceitável uma possível retirada de Washington.

"Sou partidário da relação transatlântica, mas se o presidente americano anunciar nas próximas horas que quer sair do Acordo de Paris, o dever da Europa será dizer: isto não é correto", declarou na quarta-feira. "Anunciarei minha decisão sobre o Acordo de Paris na quinta-feira às 3:00 P.M. No Rose Garden da Casa Branca. VAMOS FAZER A AMÉRICA GRANDE DE NOVO!", tuitou o presidente na quarta-feira à noite, repetindo seu slogan de campanha.

Desde que chegou ao poder, Trump parece disposto a promover as energias fósseis (carvão, petróleo, gás) em nome da defesa dos empregos americanos. Uma retirada americana teria graves consequências para o acordo, apenas 18 meses após sua assinatura, já que o país é, ao lado da China, o principal emissor de gases do efeito estufa. 

No entanto, o comissário europeu da Ação pelo Clima, Miguel Arias Cañete, afirmou que "independente do que acontecer hoje, o Acordo de Paris continuará". Após o encontro em Berlim, UE e China reafirmarão seu compromisso com o acordo climático durante uma reunião em Bruxelas, afirmou uma fonte que pediu anonimato. 

Sinais contraditórios 

Trump prometeu durante a campanha que retiraria o país do Acordo de Paris. Mas desde que assumiu a presidência enviou sinais contraditórios sobre o tema, que refletem as divergências de sua administração. O diretor da Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA), Scott Pruitt, defendeu uma retirada do acordo, por considerar que é "ruim" para o país. 

No entanto, vários grandes grupos do mundo dos negócios, incluindo a petrolífera ExxonMobil, a gigante agroquímica DuPont, ou ainda Google, Intel e Microsoft, pressionaram Trump para que não saia do acordo. Trump poderia recorrer ao artigo 28 do Acordo de Paris. O dispositivo permite que os signatários se retirem do pacto, mas apenas três anos após sua entrada em vigor, que se tornou efetiva em 4 de novembro de 2016. 

Outra solução seria uma saída da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CNUCC). Trump também poderia optar por permanecer no acordo, mas reduzindo as metas americanas sobre emissões de gases do efeito estufa. 

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