Discurso

Putin critica a 'russofobia' ocidental

Durante discurso no Fórum anual do mundo empresarial russo, Vladimir Putin condenou a rejeição dos países ocidentais a Rússia

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Publicado em 01/06/2017 às 10:24
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Durante discurso no Fórum anual do mundo empresarial russo, Vladimir Putin condenou a rejeição dos países ocidentais a Rússia - FOTO: AFP
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou nesta quinta-feira (1º) a "russofobia contraproducente" dos países ocidentais, na abertura do fórum anual do mundo empresarial russo, vitrine para o Kremlin de uma economia que volta a decolar e atrai investidores de todo o mundo. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, é o convidado de honra do presidente russo no fórum econômico internacional que acontece em São Petersburgo.

O evento coincide com uma economia russa em recuperação, após dois anos de recessão, provocada pela queda do preço do petróleo e as sanções internacionais pelo conflito na Ucrânia. O distanciamento entre Rússia e Ocidente não parece ter melhorado com a chegada de Donald Trump à Casa Branca nem de Emmanuel Macron à presidência francesa.

A "russofobia" dos ocidentais, disse Vladimir Putin durante encontro com a imprensa, é "evidente e já foi longe demais". "Mas não vai durar eternamente porque tomarão consciência de que é contraproducente e prejudica todo mundo", completou. Segundo o presidente russo, esta política está relacionada com a emergência de um mundo multipolar, graças aos esforços da Rússia, o que desagrada aqueles que desejam impor a Moscou "restrições econômicas cujo efeito é absolutamente nulo"

O presidente russo também falou sobre as acusações de que o país supostamente tentou influenciar eleições, sobretudo nos Estados Unidos e na França. "Estou convencido de que nenhum hacker pode influenciar no resultado final das eleições em um país", afirmou. "Os hackers podem surgir em qualquer país. Se eles são patriotas darão sua contribuição ao que beneficie a Rússia", disse. "Não apoiamos este tipo de operação a nível de Estado e não temos a intenção de fazer isto no futuro. Pelo contrário, lutamos contra".

A presença de Narendra Modi em São Petersburgo simboliza as relações que o Kremlin quer reforçar com os países emergentes para atenuar a tensão com os países ocidentais. A relação com a Índia nem sempre foi boa. Nova Délhi, que foi aliada militar da URSS durante a Guerra Fria, se voltou para os Estados Unidos e a França para diversificar as compras de armamento. A Índia não ficou satisfeita com a aproximação de Moscou do Paquistão e da China.

Após a assinatura de vários contratos, sobretudo no setor de energia, Vladimir Putin e Narendra Modi discursarão na sexta-feira no fórum, que também tem as presenças do chefe de Governo austríaco, Christian Kern, e do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

O país espera a participação de mais de 8.000 pessoas, incluindo executivos de multinacionais francesas (Total, Engie) e americanas (Chevron, Boeing), as quais a Casa Branca havia recomendado que não comparecessem após a anexação da península da Crimeia pela Rússia.

Eleição na mira 

O presidente russo também participará em uma mesa redonda com representantes do mundo dos negócios da Rússia e dos Estados Unidos, algo que não acontecia há três anos. "A mensagem que deseja enviar é que a Rússia continua aberta para fazer negócios, com empresa públicas que trabalham com a Índia, Arábia Saudita e fundos soberanos", afirma Charles Robertson, economista chefe do banco Renaissance Capital.

As autoridades russas afirmam que a economia do país já se adaptou aos preços reduzidos do petróleo e às sanções, que complicam o acesso de alguns setores ao financiamento no mercado internacional. A Rússia admite, no entanto, que por falta de reformas suas perspectivas de crescimento são limitadas a médio prazo, muito longe dos números espetaculares registrados nos dois primeiros mandatos de Putin (2000-2008), beneficiados pela cotação do petróleo.

"São necessárias transformações estruturais, mas colocá-las em prática não é fácil", admitiu o ministro das Finanças, Anton Silouanov. Putin, que provavelmente vai disputar a eleição presidencial de março do próximo ano, pediu ao governo e vários centros de estudo novas ideias para acelerar a economia.

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