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Arábia Saudita e aliados rompem relações com o Catar por 'terrorismo'

O Catar rejeitou a decisão da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein e Iêmen, classificando de ''injustificável'' e ''sem fundamento''

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Publicado em 05/06/2017 às 6:51
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O Catar rejeitou a decisão da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein e Iêmen, classificando de ''injustificável'' e ''sem fundamento'' - FOTO: Foto: KARIM JAAFAR / AFP
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Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein e Iêmen romperam nesta segunda-feira (5) as relações diplomáticas com o Catar, ao acusar o país de apoiar o "terrorismo", uma decisão que também implica a expulsão de Doha da coalizão árabe que luta no Iêmen.

O Catar rejeitou a decisão, que chamou de "injustificável" e "sem fundamento".

O país denunciou em um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores que o objetivo da medida é "colocar o Estado (do Catar) sob tutela, algo totalmente inaceitável".

A agência estatal de Riad, a SPA, informou que a Arábia Saudita cortou os vínculos diplomáticos e consulares com o país vizinho para "proteger a segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo". 

De acordo com uma fonte oficial citada pela SPA, o país também decidiu "fechar fronteiras terrestres, marítimas e a ponte aérea". 

A medida "decisiva" foi motivada pelas "graves violações cometidas pelas autoridades do Catar nos últimos anos", completou a fonte. 

A companhia aérea Etihad Airwaysm, dos Emirados Árabes, anunciou a suspensão dos voos com pouso e decolagem no Catar. A medida entrará em vigor na terça-feira "até nova ordem".

Na Austrália, onde está em visita oficial, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pediu aos países do Golfo que permaneçam unidos e superem as divergências.

"Estimulamos as partes para que sentem e tratem as divergências", afirmou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos em Sydney. 

"Acreditamos que é importante que o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) permaneça unido", completou.

Crise mais grave em décadas

Esta é a crise mais grave desde a criação em 1981 do CCG, formado por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar.

Em poucas horas, quatro países anunciaram a ruptura de laços diplomáticos com o governo de Doha.

A agência de notícias do Bahrein afirmou que o pequeno reino cortaria os vínculos com o Catar por suas reiteradas ameaças "à segurança e à estabilidade do país e por interferências em seus temas". 

O ministério das Relações Exteriores do Egito informou que o Cairo decidiu "acabar com as relações diplomáticas com o Estado do Catar" porque Doha apoia o "terrorismo". Também anunciou o fechamento de todas as rotas marítimas e aéreas entre os dois países. 

O Catar era um dos principais apoios ao ex-presidente islamita egípcio Mohamed Mursi, derrubado em 2013 pelo ex-comandante das Forças Armadas e atual presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi. Desde então os dois países têm uma relação tensa. 

O comunicado egípcio menciona "o fracasso de todas as tentativas para dissuadir (o Catar) de apoiar organizações terroristas".

Alguns analistas temem que a situação provoque a repetição da crise de 2014, quando vários embaixadores de países do Golfo em Doha foram convocados por seus governos, em especial por acusações de que o país apoiava a Irmandade Muçulmana. 

Na semana passada o emir do Catar viajou ao Kuwait para uma reunião com o emir xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, o que foi considerado uma tentativa de obter uma mediação.

Expulso da coalizão militar

O Catar também foi expulso da coalizão militar árabe que atua no conflito no Iêmen. 

A coalizão, liderada pela Arábia Saudita, justificou a decisão pelo suposto apoio do Catar a organizações jihadistas como a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico no Iêmen, segundo um comunicado divulgado pela agência oficial saudita SPA. 

A coalizão está presente há mais de dois anos no conflito do Iêmen para apoiar o governo de Abd Rabo Mansur Hadi, que luta contra os rebeldes huthis, um grupo de milícias xiitas. 

O conflito iemenita já deixou mais de 8.000 mortos e 45.000 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em um comunicado, o governo do presidente Mansur Hadi anunciou que apoia a decisão da coalizão árabe e a ruptura das relações diplomáticas com este país.

O governo iemenita denunciou o Catar por "abusos, vínculos com as milícias de conspiradores e apoio aos grupos extremistas".

A Arábia Saudita, que tem as Forças Armadas com melhores equipamentos do Oriente Médio depois de Israel, é um dos principais compradores de armas do mundo e também um dos grandes aliados de Washington na região, frente ao Irã e contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e Iraque.

Doha enfrentava há muito tempo as acusações de ser um Estado que apoia o "terrorismo". 

Muitos criticam o apoio de Doha a grupos rebeldes que lutam contra o presidente sírio Bashar al-Assad e vários cidadãos do país foram objetos de sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, acusados de financiar atividades "terroristas". 

Suspensão de voos

Cinco empresas aéreas do Golfo anunciaram nesta segunda-feira a suspensão dos voos com destino e origem no Catar, após a ruptura das relações diplomáticas por parte da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito e Iêmen com o governo de Doha.

Três companhias dos Emirados - Etihad, Emirates e flydubai - e uma saudita - Saudia - tomaram a decisão após o anúncio do fechamento das conexões áreas e das fronteiras terrestres marítimas dos três países vizinhos do Catar.

Em resposta, a Qatar Airways também anunciou a suspensão de todos os voos para a Arábia Saudita.

Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein romperam nesta segunda-feira relações diplomáticas com o vizinho Catar.

Os países decidiram fechar em 24 horas o espaço aéreo e as fronteiras terrestres e marítimas com esta pequena, mas muito rica, monarquia petroleira, que acusam de "apoiar o terrorismo". 

Em comunicados separados, Etihad Airways, Emirates e flydubai informaram que a suspensão de voos a partir e para o Catar entrará em vigor na terça-feira de manhã "até nova ordem". 

As três companhias afirmaram que cumprirão os voos previstos para esta segunda-feira e apresentarão aos clientes "outras opções", incluindo o reembolso completo das passagens.

A Saudia anunciou a suspensão dos voos com pouso e decolagem no Catar a partir desta segunda-feira. 

O Iêmen seguiu os países vizinhos e anunciou a suspensão das relações com o Catar, que acusou de ter vínculos com os rebeldes huthis pró-Irã que disputam o poder com o presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, e de apoiar os grupos jihadistas.

O Egito também rompeu relações diplomáticas com Doha e anunciou o fechamento das fronteiras "aéreas e marítimas" com o Catar que, segundo o ministério egípcio das Relações Exteriores, "insiste em adotar um comportamento hostil em relação ao Cairo".

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