O líder das Farc, Rodrigo Londoño (Timochenko), denunciou no domingo (4) o "reiterado descumprimento" pelo governo da Colômbia do acordo de paz assinado em novembro com a guerrilha, após episódios confusos no fim de semana.
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"Diante do reiterado descumprimento do Governo ao Acordo de Paz, as @FARC_EPueblo pedem supervisão internacional. #AlertaPaz", escreveu no Twitter Londoño, que pouco antes anunciou que estava "considerando" adiar a entrega de armas do grupo rebelde após a captura de um guerrilheiro que trabalhava na implementação do acordo.
O líder das FARC não especificou, no entanto, a que se referia com "supervisão internacional", já que o processo de paz com guerrilha é monitorado pela ONU, que integra ao lado do governo e do próprio grupo rebelde do Mecanismo de Monitoração e Verificação (MM&V) do cessar-fogo.
Londoño anunciou a detenção de um segundo guerrilheiro pelas autoridades colombianas: "Apesar de ter ficha do MM&V, José Vásquez, médico das FARC, foi detido hoje (domingo) em um posto de controle em San José del Guaviare (centro)".
A informação se somou à detenção na manhã de domingo de um membro das FARC identificado como Yimmi Ríos, que trabalhava há dois meses em Bogotá na implementação do acordo.
"Diante da captura de Yimmi Ríos, que está (realizando) tarefas relacionadas com a implementação (do acordo de paz) estou considerando ordenar o adiamento (da) entrega de armas", anunciou Londoño sobre o processo previsto para terminar em 20 de junho.
Sobre o caso de Ríos, o presidente Juan Manuel Santos disse: "Entendi que isso é um problema de identidades e de trâmites burocráticos - isso foi o que meu diretor de polícia me informou, o general (Jorge) Nieto - e que está em processo para ser resolvido".
"O governo continua com seu calendário (para o processo de paz). Esse é o compromisso se será cumprido", apontou Santos ao fim de conselho de segurança em Cartagena (norte) e segundo um comunicado no site da Presidência.
Alto Comissariado para a Paz
O escritório do Alto Comissariado para a Paz havia informado a jornalistas que Ríos "efetivamente foi preso" no que apontou ser uma confusão.
"Ele tinha uma ordem de prisão suspensa por Resolução Presidencial", mas essa suspensão havia sido feita para "o nome que ele deu", que respondia a "seu codinome na organização e não a seu nome real", explicou.
"Estão fazendo as gestões correspondentes para esclarecer à justiça que se trata da mesma pessoa", acrescentou o escritório.
A Colômbia viveu um conflito armado que durante mais de meio século envolveu guerrilhas, paramilitares e agentes estatais, deixando ao menos 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e 7,1 milhões de deslocados.