ATAQUES

Multidão participa de funeral de vítimas de atentados no Irã

Aos gritos de ''morte à América'' ??e ''não temos medo'', milhares participaram do funeral das vítimas dos atentados realizados pelo Estado Islâmico

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Publicado em 09/06/2017 às 8:23
Foto: ATTA KENARE / AFP
Aos gritos de ''morte à América'' ??e ''não temos medo'', milhares participaram do funeral das vítimas dos atentados realizados pelo Estado Islâmico - FOTO: Foto: ATTA KENARE / AFP
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Aos gritos de "morte à América" ??e "não temos medo", dezenas de milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira do funeral em Teerã das vítimas dos primeiros atentados realizados no Irã pelo grupo Estado Islâmico (EI).

A multidão seguiu em procissão o caminhão que transportava pelas ruas da capital iraniana os caixões de 15 das 17 pessoas mortas nos ataques que, na quarta-feira, visaram dois locais altamente simbólicos, o Parlamento e o mausoléu de imã Khomeini, fundador da República Islâmica.

As outras duas vítimas foram enterradas no interior.

O cortejo saiu do centro de Teerã e seguiu até o cemitério Behesht-e Zahra, perto do mausoléu de Khomeini, a cerca de 20 km. "Nós não temos medo" do EI, "Morte à América" ??e "Morte aos Saud" (família governante na Arábia Saudita), gritaram os participantes.

Pouco antes, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, enviou uma mensagem de condolências às famílias das vítimas, afirmando que os ataques só "reforçam o ódio contra o governo dos Estados Unidos e seus agentes na região, como o (governo) saudita".

Em uma cerimônia no Parlamento, na presença do presidente Hassan Rouhani, o presidente da Assembleia Ali Larijani também atacou a Arábia Saudita, descrevendo o reino de "Estado tribal muito longe da democracia".

Também denunciou as sanções de Washington contra Teerã, especialmente relacionadas ao seu programa de mísseis balísticos.

Os Estados Unidos "sabem que a Guarda Revolucionária (o exército de elite do regime) e sua força Qods (para operações externas) são as forças regionais mais importantes que lutam contra os terroristas", disse Larijani, que prometeu uma "resposta terrível".

A Guarda Revolucionária acusou Washington e Riad de estarem "envolvidos" nos atentados de quarta-feira.

Mas o ministro da Inteligência, Mahmud Alavi, indicou que é muito cedo para "julgar se a Arábia Saudita teve participação".

Caça aos cúmplices

O ministro afirmou que a caça aos cúmplices dos autores dos atentados e de outros extremistas continua e que "muitos deles" foram "identificados". 

O local onde se reuniam e se escondiam foi localizado e "equipamentos, aparelhos e cintos de explosivos" foram encontrados, disse Alavi.

Além disso, um carro abandonado com pelo menos 22 armas foi descoberto na província de Kermanshah, perto da fronteira com o Iraque (noroeste), de acordo com a agência de notícias Irna.

Os ataques de quarta-feira, que também deixaram 50 feridos, foram cometidos por cinco homens armados, incluindo homens-bomba que se explodiram. Eles eram todos iranianos, membros do EI e teriam atuado na Síria e no Iraque antes de retornarem ao Irã.

O Irã apoia os governos da Síria e do Iraque no combate aos rebeldes e extremistas islâmicos, incluindo o EI.

O EI publicou em março um vídeo em persa dizendo que o grupo ia "conquistar o Irã e devolvê-lo à nação muçulmana sunita", matando os xiitas.

Embora regiões próximas às fronteiras com o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão tenham sido atacadas pelos grupos extremistas, entre eles o EI, os grandes centros urbanos se mantiveram à margem destes atentados até agora. Os extremistas sunitas do EI consideram o Irã xiita apóstata.

E, apesar de Washington combater igualmente os extremistas islâmicos, o presidente americano, Donald Trump, disse em um breve comunicado que reza pelas "vítimas inocentes" dos ataques, mas que "os Estados que apoiam o terrorismo se arriscam a se tornar vítimas do mal que promovem".

Uma reação "repugnante", segundo Teerã.

Desde a posse do presidente Trump em janeiro, as relações pioraram entre Washington e Teerã, que romperam relações diplomáticas após a Revolução Islâmica de 1979.

O governo dos Estados Unidos impôs novas sanções contra o Irã por seu apoio a supostos grupos "terroristas" no Oriente Médio, seus testes de mísseis balísticos e suas violações dos direitos humanos.

Em uma recente viagem à Arábia Saudita, grande rival sunita do Irã xiita, Trump havia chamado todas as nações "a isolar o Irã".

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